Acreditar em algo e não o viver é desonesto.
(Gandhi)
"...És homem, não te esqueças! Só é tua a loucura onde, com lucidez, te reconheças." Miguel Torga
"...parar-lhe aquelas comidas de dieta sem sal que o tornavam tão afeiçoado a ela?..."
Na verdade o pobre do tenente, rapaz pálido, esquálido e triste, pouco mais poderia apreciar senão um repasto sensaborão, escorrido e insonso como o seu ar e vida. Pobre alma. Não fora o sinalzinho redondo e vermelhinho que lhe pespontava por entre os imberbes pelos de uma barba por vir, o rosto quase seria uma máscara de cera, daquelas que se colocam nas capelas de orações, juntamente com as demais partes do corpo, consoante o sitio do pedido ao Divino. Os olhos grandes, redondos, quase de peixe, azuis esverdeados, a puxar para o sulfato de zinco, que lhe davam uma certa cor, pese a mesma se desvanecer acima do uniforme cinzento, mais do ar merencórico com que vestia o semblante.
Ora um tal personagem só podia degustar comida cozida sem sal, daquela onde as couves aguadas abundam. Nem cenoura, nem tomate, nem pimento, cores conspícuas, doces, ácidas e puxadas que fazem libertar suspiros e outros quereres, sabores pecaminosos de vida. Não, o nosso tenente desmaiava pela vida sob a tutela de Fraulein Petra von Goetlib, fêmea amarela de ares, seca de carnes, de carrapito bem repuxado sentado no cocuruto da cabeça, assim de pequenino dado a escassez da lã capilar, parecia antes, um pequeno rolo de sabe-se lá o quê, não só pela sua forma, mas também pela sua cor. Amarela acastanhada. Mas continuando, Fraulein Petra possuía uns olhinhos coscurantes e lúbricos daqueles que vêm tudo, e desejam ainda mais.
Saíra-lhe a sorte grande quando o tenente Hans Stwiller lhe alugara aquele quartinho há já tanto tempo a pedir gente. Um quartinho asseado, confortável e triste de acordo com o pulsar da casa e da dona. Até tinha uma porta de comunicação. Bem, estava tapada pelo damasco azul da cortina, mas era sempre uma salvação. Saber que paredes meias dormia um homem e ainda por cima militar. Como ela gostava do seu hóspede! Enchia-lhe a casa, os dias e até o espirito naqueles dias mais cinzentões. Fraulein sentiu que a linfa do seu corpo esguio despido de curvas e de saliências lhe aquecia os pés sempre enregelados, que alguns rubores lhe assomavam ao espírito. Sempre que pensava em Hans ficava cheia de calores. Algo que a fazia sair fora de si. Uma tremedeira. Abanou o carrapito, encolheu os ombros e, pasme-se, levou a mão descarnada ao peito num suspiro de desejo vão. Mas logo se agitou, resmungou, afastou os pensamentos condimentados, regressando ao estado cataléptico de sabores.
Hans entrementes sentado na borda da cama calçava as botas negras e polidas. Sempre ascético nada nele estava fora do sítio, desde as calças tufadas à camisa escrupulosamente engomada. O dólmen necessitava apenas de ser apertado. Calçou-se. Levantou-se, bateu os pés no tapete de rosas puídas, fechou o dólmen que repuxou, pegou no boné e desceu à copa. Aquele cheiro a sabão, sabão sem perfume, apenas a lavado deixava antever um homem sem chama. Um ser esmaecido.
Fraulein Petra já se estava à mesa junto à janela redonda revestida de um tecido leve, deixando ver o Fevereiro cinzento que se sentara do lado de fora. O cenário perfeito para o repasto sensaborão de todas as manhãs.
Hans sentava-se defronte. As suas botas pisavam inadvertidamente os pés de Petra que os recolhia num impulso, mas logo os voltava a recolocar. Olhavam-se e esboçavam um esgar qual folha amarela. Murmuravam um desculpe meio enrolado, meio aguado. Retomavam a mastigação. Metódica. O silêncio cobreia a mesa, Hans levantava-se, arrumava a cadeira, batia os tacões e pegava no boné que o coloca vasob o braço. Petra sorria-lhe translúcida. Um até logo despedia o tempo.
Maio de 1939 o jasmim já floresce na parede da velha casa e o azul do céu ainda é azul…
Petra, veste-se de azul claro em tecido leve, empoeirou o rosto de rosa leve e um pouco de carmim nos lábios alegram-lhe os olhos aguados de azul. Espera sentada na salinha. O silêncio come o ar, a respiração é imperceptível. De quando em onde o relógio da parede suspira as horas. Ouve-se uma chave na porta. Depois o ranger da madeira velha, entreouvem-se os passos na rua. Bate a porta. Uns passos calcam os degraus cansados.
Hans dá as boas noites. Pede uns minutos e sobe ao quarto. Desce mais fresco e húmido. O cabelo todo penteado para trás negro e luzidio. O uniforme deu lugar a umas calças amplas e a um casacão de malha. Senta-se em frente, no outro sofazinho. Pega no jornal e folheia-o. Nada que ele já não tivesse visto ou lido. Apenas o hábito de enviesar as letras na retina da mente. Meticulosamente dobra as folhas e levanta-se.
Uma vela bruxuleia, ali na mesa.
Uma nota solta.
Um desatino.
Petra chega de terrina na mão que coloca na mesa de dois. Sentam-se. O ruído dos movimentos é retraído. Um sussurrar de músculos no ar.
O pé que volta a tocar no outro pé.
O imediato recolher.
O pedido de desculpa.
O silêncio.
E o assado que chega. Tem cor. Tem aroma. Tem sal. Tem desejo. Convida.
Suspira-se. Saliva-se.
E o pé que resvala no outro pé. A perna que se alonga, a boca que se movimenta mais rápida., o pestanejar oblíquo, o movimento mais lasso do talher, o descair do corpo, o calor que regurgita do contacto.
E a vela que bruxuleia.
Ela, sempre ela, olha-o bem nos olhos. Mergulha sem hesitação. Ele deixa, segue-a. As mãos, as mãos entrelaçam-se.
Hans e Petra. Fêmea e macho. Sede e Fome. Corpos marmóreos, linhas em esquisso que se dobram na plástica dos músculos em cópula, os sentidos que explodem em vai e vem, o vocalizar dos sons guturais que se rebentam nas gargantas. A premência do orgasmo. O raiar da satisfação. O deslassar dos corpos. O estalar do riso, forte, brutal, carnal. Olham-se cúmplices e de novo se entrelaçam em renda de desejo. A redescoberta. Mais lenta, mais segura, porém mais voraz. Sem hiatos. Sem rebuços. Livres Ardentes Plenos na carne e na alma.
Tão simplesmente.
Na cozinha embrulhada em poalha de luz débil, Hans leva a chávena de café quente aos lábios. Trinca uma fatia de pão. Está em pé. Coloca a chávena na pia, já gasta, onde a torneira teima em pingar. Dirige-se para a velha chaminé e procura o saleiro. Retira algo.
Pega na mala castanha de fechos de metal já picados, coloca o boné na cabeça e desce as escadas que rangem.
Na mão livre segura um pequeno cofre e, dentro, a sua flor de sal.
Era uma vez...
Dom Quico Salafrário um cinzentão meio pelado de olho vivo que andava há já muito horas neste salsifré de mundo. Um sabido, que gostava de abanar a cabeça ao compasso das modas do tempo. Para a fotografia piscava os olhitos, arrebitava as orelhas já meio peladas, abanava a cauda e mostrava a dentuça amarela dos dias. Ah perdoem, faltava-lhe o adorno mais precioso, o chapéu de palha ornamentada por uma colossal rosa de papel vermelha, que por aqueles dias se encontrava fanada de cor e forma. O velho chapéu tingira-se de um amarelo velho, aquela mesmíssima cor de palha já afeita ao sol eirado de muitos anos. Eis, pois, o retrato único e autêntico deste cidadão singular.
D. Quico, o burro!
Naquela tarde límpida de azul e prenhe de calor, conversava D. Quico amenamente com os seus comparsas sobre as últimas do povoado, quando não se sabe vindo de onde, uma pega rasou-lhe a prazenteira cabeça, e, num ápice surripiou-lhe a fanada rosa vermelha do chapéu. Furioso, apanhado de surpresa, roubado na sua vaidade, Dom Quico, arreganhou os dentes e zurrou, zurrou com a paixão da sua nobre estirpe. Burro que assim zurra é burro fino, porque nestas coisas, burro calado é burro corriqueiro, burro zurrado é burro importante. Sem querer, D. Quico ao exibir a sua cólera desembuçou a sua importante linhagem. Francisco fora baptizado, porém, rapidamente passou a Quico, porque o vulgo é Chico, e Chico só para o burro comum o calado e sofrido. Os pais de D. Quico, D. Frederico mais conhecido por D. Rico, pois que o burro fora bem esperto e nupciara com D. Bábá, filha única já entradota mas com um património jeitoso. Diziam as más-línguas, que o sogro, na pressa de se ver livre da filha emperrada, duplicara o dote. Fosse como fosse, D. Bábá com mais ou menos dote gerou D. Quico e Dona Cereja.
Dois burrinhos.
Perdão, dois rebentos prodígio, vulgo, sobredotados, sobretudo D. Quico. Ninguém se apercebeu daquela inteligência intermitente, típica de um asno de linhagem e que o guindou à Zurral Assembleia. Aí colocou a sua prosápia ao serviço do Zé-burrinho. Dona Cereja, porque era fêmea e, porque aos animais as cotas ainda nunca aproaram, foi sempre tida como diligente, aplicada mas longe do brilho zurrante do seu irmão. Foi um prodígio quando casou bem, teve pequenos asnos e foi cautelosamente feliz
E D.Quico?
Andou à deriva e mariposeando de burra em burra até que inteligentemente se apercebeu que os anos já lhe pesavam e a agilidade acasaladora de outras primaveras começava a emperrar. E, porque como se já se disse, era um prodígio teve a suprema inteligência de arranjar companheira. Uma burra doce, bom parideira, jeitosa. Titá de seu nome. Porém quis o destino que a união fosse fugaz. Divergência de zurros. Alegaram nas instâncias da lei.
Porém D.Quico Pai foi extremoso.
A vida foi saracoteando de burricada em burricada, até ao crescer dos filhos, aos estudos e consequentes formaturas. Não pasmem pela vida académica dos burros. País que é país, na vanguarda de todas as tecnologias, esforça-se pelo futuro das suas gerações. Sejam asnos, prodígios ou simplesmente comuns. Por isso é que entre nós, os burros como o D. Quico falam, têm chapéu, família e até gozam de estatuto. Um renascer de almas num País- fábula.
Voltemos, então àquela tarde salobra de calor. D. Quico furibundo bate impiedosamente com os cascos na calçada, que dado o calor da hora, se encontrava deserta de almas, que não, as dos seus mais chegados compadres.
-D. Quico acalme-se, pede-lhe o tremelicado Chico Asno
-Acalmar-me? Então não querem lá ver! Fui roubado, roubado! E por uma pega! A minha rosa vermelha! Fica sabendo, Chico, que foi a Senhora Mãe-Burra que ma ofereceu no dia do meu casamento, o que eu gostava dela! Faz parte de mim. Era a minha imagem. A rosa.
-. Oh Quico vá lá, não te exaltes assim. Ainda te dá uma coisa. Aconselha-o Jericote Palhunça, seu compincha de muito trote.
- Pois, pois. Não estou em mim. Uma pega! A minha rosa! Fui roubado!
- Tem toda a razão. Para que quererá uma pega uma rosa? Prá cabeça não será, cogitou Chico Asno.
- Também não percebo, tartamudeava D. Quico Para quererá, a pega, uma rosa?
- Ó homem deixa-te de lamúrias, já pareces o Dom Acha. Uma rosa? Inda por cima fanada. Não interessa a ninguém, só às pegas. Sabes que elas roubam tudo, mesmo que não preste. Está-lhes na massa do sangue. Depois não és um burro elegante, não gostas de andar “au dernier cri”? A manhã antes de ires para a Zurral Assembleia passas na loja da DG e compras um chapéu novo. Certamente que a flor será mais estilizada, menos demodée, quiçá um pouco escanifobética mas isso meu amigo é fruto dos tempos que correm. Rosas e cravos tal como os conhecemos desapareceram. Presentemente tudo tem mais design.
-Se tu o dizes Jericote. Vou acreditar em ti.
- Pronto amanhã vamos os dois ver um chapéu novo. E depois de o colocares, aí Quico é que te vais sentir o burro mais elegante de todos nós. Aliás, deixa que te diga, querido amigo, todo esse garbo ainda te vai guindar a altos cargos, sou eu que te digo. Sei do que falo.
-Faço figas, faço figas. Projectos não me faltam. Todos os compadres ficariam protegidos, asseguro-te eu. Sabes, eu acredito sempre no que digo. É a minha mais-valia, caro Jericote.
E foi assim, que um Asinus Europeus agora ornado de chapéu elegante, ágil, vivo, e teimoso, distintivos perfeitos da raça, subiu a ladeira do poder. Conta-se, que subiu, subiu até que escorregou e caiu. Não foi culpa dele. Foi de um asinino qualquer que o rastejou. A calçada do poleiro estava já tão puída que ele não se aguentou e zás, estatelou-se dando cabo das apófises dorsais. Uma tragédia. Ficou inutilizado. Tornou-se amargo na sua solidão. E rapidamente o Zé-burrinho o esqueceu.
Foram os seus netos que me contaram esta fábula. E eu aqui a deixo.
Regresso
Emília salta da alcova. O corpo despe-se do calor morno. Os pés pendem encolhidos procurando o chão. Está fresco e húmido. A manhã despediu a noite entre lágrimas. Ergue o busto, abre os braços e sorri ao dia. Enfia os chinelos tortos e corre para a janela. Abre-a de par em par sorvendo manhã.
É hoje! É hoje!
Recorda o tempo vazio de horas, a arma disparar, o sangue jorrar, o corpo dobrar-se, caindo devagar, muito devagar. A morte a entrar.
Aflição.
Nas narinas o cheiro da pólvora, do sangue, da loucura. Uma rodilha fétida de memória. Um nauseabundo sentir que lhe espreita o vómito de raiva.
Lino e o Pai
Lino matara-lhe o pai. Viera buscar o dinheiro da venda do olival. O Lino tinha-o usado para a compra do tractor. Fora numa aflição. O pai vai daí, chamou-lhe ladrão, filho de uma cabra e outras coisas que nem quer lembrar. Disse-lhe que ele não passava de um corno. Que ele sabia do que falava. Que ele fora o primeiro.
Um nojo.
Já não bastava o que lhe fizera e que a mãe calara. Agora vomitar o gozo na cara do seu Lino. Ele não aguentou. Foi buscar a caçadeira e pronto. Disparou. O vermelho alastrou na camisa mesmo por cima do baixo-ventre. Ficou paralisada.
E o vermelho a alastrar, o velho a retorcer-se, o vermelho que começava a pingar. A cara que se torcia. Os dentes podres a luzirem., a língua enrolada a taramelar. A saliva a pingar feita baba enrolada. Os olhos enviesados sem brilho. A pele amarela. As mãos de unhas negras agora pintadas de vermelho diluído esborratado pelos dedos. A poça de sangue que lastrava no chão da cozinha. Vermelho sobre vermelho. E o Lino? Largou a arma, segurou o velho e gritou:
- Ai Jesus, o que eu fui fazer?!
Deitou as mãos à cabeça. Sacudiu os ombros, e agarrou o velho. Abanou-o. Mas nada. Ali, assim, de boca aberta e babado. O cheiro que subia, e ela colada à banca da cozinha. Os olhos pregaram-se à cena. Os olhos doíam, a boca secava. As pernas tremiam. Um frio percorreu-a. Depois foi o calvário. Tanto. Fica gelada ao recordar. Gente não presta mesmo. Gente é passagem entre o tempo.
Dez anos!
As portas fecham-se atrás si. Uma maleta vazia, uns euros no bolso, umas calças e um blusão novo., eis Lino Guerra despejado no mundo. Passa a língua pelos lábios ressequidos, coça maquinalmente a cabeça para acordar as ideias. Depois aperta os olhos para o caminho molhado de sol. Pára e despe o blusão. A T-shirt mostra-lhe um tronco robusto. Os passos percorrem o passeio, dobra a esquina, e passa sob a buganvília roxa do muro da penitenciária que se estende rua abaixo. Pensa:
-“Só depois de passar o muro é que chamo um táxi.”
Os pés entortam os passos. Há um quase claudicar. Hesita. As solas mal tocam na calçada como se receassem ocupar o destino. Lino parece forte mas lá no fundo treme, mas não pode mostrar. Parecer sem ser. Percorre o passeio. Olha o céu. Afinal é igual ao do pátio. Não é mais azul. O vento é mais livre. O som. O som é diferente. Causa-lhe entontecimento, uma surdez esparsa. A cabeça ondeia. Uma náusea. A da liberdade. Estuga o passo, está quase no fim. A buganvília ficou para trás mas agora é a tília. O cheiro forte varre-lhe os sentidos. O nariz inspira instintivamente. O cheiro penetra-lhe no cérebro. Varre-lhe as poucas ideias. Deixa-o bêbado, zonzo. Instintivamente bloqueia as narinas. Uma falsa inspiração. Agora pode vomitar todo aquele perfume que o entope. E o muro que não acaba mais as tílias. O som começa a abrir-se. É barulho.
Quer sair dali.
Do outro lado os semáforos piscam o verde. A gente cruza a passadeira e ele, rápido sem sentido aproveita a boleia. A cabeça atraiçoa-o. O olhar traça-lhe o rumo. Deixa-se levar.
Está do outro lado.
O muro da cadeia está do outro lado. Respira fundo. Está livre. Sente-se livre. As ideias clarificam-se. O azul está mais azul e o barulho já não é ruído, é a vida, o que há momentos lhe parecia confuso, aéreo, como se estivesse do outro lado, começa agora fazer sentido. Aqui nesta rua de passeios tortos e gastos, prédios desbotados e roupa nas varandas, a vida espirra. Há tantos anos que não sentia esta aflição quase a rebentar. Ele espirra também. Está aliviado. Ah!
A vida!
Poisa a mala, encosta-a a uma parede descascada de amarelo, coloca-lhe o blusão por cima. Olha os pés. Olha a calçada puída. Raspa os pés no chão. Abre os braços, e sem olhar enceta uma correria. Corre, corre. Sente o suor alagar-lhe as costas, mais o peito, mais o rosto e as mãos. Sente-se cair, sugado, envolto, tragado, mal consegue respirar, torce-se, endireita-se, não consegue. Uma força maior, brutal toma conta dele. Um nó de duas pontas.
A Vida e o Fado.