Palhaço
Eu sou Palhaço. Palhaço-bailarino. Rio dos outros, rio do mundo e rio de mim. Ah!Como rio de mim. Ah! Como choro de mim. Ah, como rio e choro, choro e rio! Sou palhaço. Sou uma simples sintonia de vida. Corro, estatelo-me. Levanto-me. Dobro-me. Sou elástico. Sou elástico na luz e na escuridão da pista Cresço nas palmas e nos risos das crianças. Sou palhaço. Sou um pedaço de tecido colorido. Sou um nariz vermelho, uma cabeleira de palha, um laço azul. Sou o meu próprio motejo! Ninguém me percebe. Ninguém escuta a raiva de um palhaço. Oh não, um tal sentimento assim? Não! O palhaço é feliz. O palhaço ri. O palhaço rebola. O palhaço é alegria. É assim. Na harmonia das cores, no brilho dos risos, no calor falaz das palmas, a vida é um momento de liberdade. Sou palhaço homem que rebola, rebola na graça de uma pista Sou palhaço de sapatos grandes e pés dançantes. Sou Bailarino de risos e graças esvoaçantes. Esfusiante, rebolo que rebolo na gargalhada dobrada de um gesto de pilhéria. Zombo de mim porque rio dos outros. Choro de mim porque rio do mundo. Sou assim galante-palhaço em esforço. Esforço-me nos saltos, nos esgares, nas caretas, nos textos que decoro, nas falas que titubeio. Uma moedeira Sou palhaço e faço da momice galanteio que distribuo à gente. Gente triste. Gente que ri ao bilhete. Gente que ri de mim, o palhaço. Gente que chora da vida, como eu, o palhaço. Rolo e rebolo na pista. Tropeço nos pés. Caio, estatelo-me, e ,elástico levanto-me. Os meninos riem. Eu rio, choro e aceno. É a minha capitulação à verdade.
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