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Alguém que ama a vida e odeia as injustiças

12 agosto, 2018

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Em Banhos… de chamas!
Num verão de temperaturas escaldantes em que a maioria está, ou foi a banhos, os nossos denodados políticos estão em modo de pausa. Diga-se, em boa verdade, que pensar exaure, e como tal, quando as férias chegam, as criaturas correm que nem formigas em carreiro para banhos. Somente que a formiga faz o carreiro em trabalho, o político faz carreira no descanso. Tudo uma questão de semântica.
Mas, se o retângulo ao sul é o lugar privilegiado dos banhos políticos, também foi infelizmente o lugar de banhos de chamas escaldantes, de mais uma desgraça.  Durante uma semana assistimos ao horror da devastação, da perca de bens e impotência de soluções.
Sendo uma leiga no assunto, discernindo somente pelo que vou ouvindo aos respetivos doutos na matéria, sejam eles de experiente proveta idade, sejam novéis licenciados, vão mais ao menos dizendo em uníssono que há algo de muito errado no que respeita o Planeamento Florestal, que vai muito além das alterações climaticass que o nosso planeta sofre motivadas, sempre, por via da mão incontrolável do homem, tido outrora como Sapiens.
Diz o Governo mais os governantes que tudo estava sob controlo, que não se repetiria a tragédia de Pedrogão Grande, que se fizera um investimento enorme em meios, blá, blá, blá. Verdade seja dita que não houve mortes, verdade seja também dita, que as percas de bens foram menores, verdade seja dita que para tal foram necessários mais dias. Houve um não sei quê de desorganização de “desenrasque” à portuguesa que falhou. Ora, os falhanços têm vindo a aumentar, na medida exata, em que as solicitações se tornam mais premente e exigentes. A organização em cima do joelho foi mister de outros tempos, outras décadas, outro século, porém não funciona mais. Quem ocupa cargos não os pode fazer unicamente pela vã glória do poder, seja ele social, seja material, e com isto significo encher-se monetariamente. Na nossa jovem democracia sobram demais dedos da mão para os homens do poder cujos bolsos se avolumaram não se sabe bem porquê, se do tempo, se do estado, se por acaso da pobre senhora que dá pelo nome de Democracia.
Há qualquer coisa, nesta denodada planificação dos incêndios que não sei bem porquê me cheira, tal como aos meus pares, a esturro. Longe, mas muito longe deste esturro estão os bombeiros que dão o corpo ao manifesto nesta situação, sejam os sapadores, ou os voluntários. São o que se diz na nossa gíria, os peões das nicas.
Já vem de longe, mas de muito mais longe, a dúvida. Porque ela existe, é que se pensa, e nessa surdina de pensamento, na maior parte das vezes sinónimo de mal-estar, que paulatinamente se vem  instalando, que toma corpo fazendo-nos questionar, extrapolar tanta coisa da  qual nada se se percebe pela incongruência dos dados lançados qual punhado de areia nos olhos de um povo cuja credulidade dá lugar à existência do “chico-espertismo”, um outro adjetivo muito lusitano próprio de quem tem um “Zé Povinho”.
Interrogo-me , eu e muita gente mais, porque tendo umas Forças Armadas inativas nos quartéis, fazendo parte do dito funcionalismo público, isto é, sustentado pelo povo trabalhador (até pareço o eclético Miguel Sousa Tavares na sua eterna verborreia contra os funcionários públicos), não lhes é atribuído o pelouro da gestão e planificação dos incêndios, mais a mais tendo meios logísticos e mecânicos para o fazer? Não tendo especial devoção pela área militar, reconheço-lhe possuírem a enorme e ágil capacidade de organização, o que a sociedade civil, na sua grande maioria, não possui. Porquê então entregar a gestão da coisa à Proteção Civil, corolário de nomeações e demissões qual restolho em rescaldo de chamas, porquê recorrer a empresas privadas para o famoso aluguer dos ainda mais famosos helicópteros, quando existem alguns inativos na Força Aérea. Relembro que Paulo Portas quando foi às compras, entre outras “minudências “adquiriu Kits para os famosos helicópteros. Certamente que não devem ter desaparecido no molhe do material de Tancos, julgo eu.
Ouvimos até á exaustão que somos um pais pobre de recursos escassos, que há que saber geri-los, que não se pode malbaratar, que não se pode gastar na saúde, nem na educação para além do cêntimo estipulado. Correto. Onde não há, não se pode tirar. Todavia, neste pais estiolam-se milhares em cadeias de poder, em círculos de interesses. Esquece quem nos governa, esquece quem nos representa, que são os cêntimos e os euros de um povo que vive mal e, no entanto, alimenta maioritariamente todo este corolário de esbanjamento desplanificado.
Não perfilho ideologias extremistas, sejam elas de direita ou de esquerda, assim o enuncio para aqueles que tiverem a  paciência em me ler, e deste modo vitupero veemente o “arranjismo”,  o salve-se quem puder”, “quem parte e reparte e não tira para si a melhor parte, ou é tolo ou não tem arte”, tudo na liça dos provérbios que incham os bolsos ou talvez, melhor dito as contas bancárias. Ser critico, não é, não será de modo algum, ser maledicente, ou de vulgo “bota-abaixo”. Quem muito ama o seu pais e a sua gente envergonha-se de da concupiscência de quem gere o poder. Não questiono se a corrente económica é estruturalista, desenvolvimentista ou monetarista, isso cabe aos programas partidários, às escolhas eleitorais. Isso não tem absolutamente nada a ver com a eficácia, com a celeridade, irrepreensibilidade e com a honestidade.
 Não zurzo, o “bombeiro”, o soldado da paz, mero peão no tabuleiro do xadrez dos interesses superiores. É sob o vermelho -amarelo das suas vestes, que se urdem os grandes interesses, utilizando  a desgraça alheia como moto de enriquecimento. E os bombeiros dão e dão, esgotam e lutam. É o seu trabalho, dirão. É verdade, mas, meus amigos todo o trabalho, todo ele, tem um objectivo, simplesmente porque teve um princípio. É esse princípio que desconheço, que desconhecemos todos.
Chaves 12 de agosto de 2018
Maria Teresa Soares






05 março, 2018

A Estrada da Esperança

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A Estrada da Esperança
Na espera de cada esperança nasce a vida. Uma vida, outra e outra, milhares, que naquele átimo de segundo se fazem, ingenuamente, à estrada da esperança.
Nas estradas da esperança deste mundo, há muito que se espera. Espera-se pelo amor, pela harmonia, pela paz e pela esperança em si. Não é em vão, que as palavras milenares “para aquele que está entre os vivos há esperança (Eclesiastes 9:4)” soe a estribilho, prece ou convicção. A esperança pertence ao comum dos mortais, a todos os seres que por um ou outro motivo sofrem. Não são só a dores da carne que solfejam sofrimento; as dores da alma são as claves de sol da sinfonia humana; as dores da mente, são as partituras inacabadas da humanidade e a junção destas três dores perfazem o Requiem mais lúgubre, mil vezes mais triste do que o Requiem de Mozart.
Não devia ser a esperança um Hino à Vida? Naturalmente que sim, todavia os Senhores deste Mundo, limitam-se a feri-la em todas as manhãs. Poder e Esperança é um binómio que não combina., assim o Poder, a ignomínia e mesquinhez enchem o cálice que alguém, ou antes, alguns bebem todos os dias. Uma espécie de alimento visceral, enquanto, a Esperança qual subtil latejar de consciência, apóstata de valores, alegoria bacoca de histórias pequenas das gentes simples, dos outros, daqueles que inocentemente vão enchendo os cálices de Poder aos Senhores do Mundo.
Em cada lado do mundo a esperança é murmurada. Fecham-se os olhos, apertam-se as mãos em conchas de preces dirigidas a Deus, Alá, Jeová em suma ao Divino. Na verdade, creio que estas excelsas criaturas dormem o sono dos justos, pois que só tamanha sonolência é passível de explicar, a ausência de resposta a tantas preces e lágrimas vertidas por este mundo.
Mas, a esperança está lá. Pertence á natureza humana. Pertence-lhe quando vê crianças doentes, feridas, mortas, pertence-lhe quando sofre ou conhece a violência. Pertence-lhe sempre que o mundo se torce em novelo de desgraça, ou rebenta em estilhaços de angústia. A esperança continua a pertencer-lhe quando luta por um lugar, não ao sol, mas na vida, pertence-lhe quando a doença recria a harmonia e o perdão perdidos, pertence-lhe quando a vagido brota imperioso, ou quando a lágrima sulca o rosto culpado, pertence-lhe ainda quando sonha. O mundo não cresce, como dizia o poeta, o mundo espera, espera e espera pelo dia em que a esperança se faça à estrada da vida. À vida de cada um de nós.
Afinal, e a nossa esperança de cada dia.
 
Maria Teresa Soares