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Alguém que ama a vida e odeia as injustiças

09 junho, 2013

Mãos


Mãos,

Redondas, cheias, quentes,

Mãos de amor,

Esguias, elásticas, subtis de encanto,

Mãos de Sentir,

Mãos eternas, sofridas, de amparo, esquecidas

Mãos de Vida

Mãos duras, sujas, gretadas, inchadas

Dão-nos o Pão-nosso de cada dia,

Mãos cúpidas, vorazes, rapaces

As que vendem a Alma!

Mãos que dão, beijam e alagam.

E concebem o Sonho,

Mãos angulosas, retortas, trémulas

Estrada de Idades!

Mãos frementes, prenhes, doces

Sorrisos de Mãe,

Mãos rápidas, precisas, quentes

Gestos brancos.

Mãos desgarradas, feridas, retorcidas

Salivas de ódio

Mãos, nuas, exangues, cruzadas,

Ámen

Mãos, mãos estultas, doces, vibrantes,

Mãos que dão, que tiram, que recebem, que roubam

Amor, ódio, vida, morte

Mãos vividas, por viver, por abrir, por ler.

São mãos tuas, são mãos minhas,

Os gestos de Nós.
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27 maio, 2013

22 maio, 2013

Sentires

Sentires

Rio, rio e rio porque choro,

Choro, choro e choro porque vivo

Em sentir de ti.

Rói-se o corpo nu

Rebobina-se o coração em latejar de alma despida,

E busca-se o sentido na vida,

Do tempo nosso passado- futuro,

 Em presente reinventado,

Cadeado de amanhãs por nascer.

Crime de alma em arco-íris de pensamento,

De ferruginosas chaves travado.

Mão estendida em rito excitado de vida,

O olhar escancarado em fome

De Ser.

-Ah, quisera sentir!

-Ah quisera que os meus dedos enrolassem 

Teus desejos perdidos,

E que meu sentir fosse cesto de bagos líquidos

Na caverna do teu Ter.

Ah como choro rindo num sentir não perdido.

De mim sem ti!
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10 maio, 2013

"Minha solidão não tem nada a ver com a presença ou ausência de pessoas… Detesto quem me rouba a solidão, sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia…"

Friedrich Nietzsche

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01 maio, 2013


O cavalo

Teus poros exalam o fumo
Do lar dos deuses de onde vieste.
Rompante de espuma e de lume
És sol quadrúpede ou mar equestre?



Desfilando derramas o ouro
Do teu rio inacabável,
Desmedido relâmpago louro
De um deus equídeo possante e frágil.

Tudo existiu para que fosses
No contraluz desta madrugada
Mitológica proporção perfeita
Em purpúrea bruma recortada.

Pois que te é divino mister
Humanos olhos extasiar
A dúvida é só perceber
Se vieste do sol ou do mar.



Natália Correia
Poesia Completa
Inéditos 1985/90
Publicações Dom Quixote
1999
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14 abril, 2013

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 Qui dove il mare luccica
e tira forte il vento
su una vecchia terrazza davanti al golfo di Surriento
un uomo abbraccia una ragazza
dopo che aveva pianto
poi si schiarisce la voce e ricomincia il canto:

Te voglio bene assai
ma tanto tanto bene sai
è una catena ormai
che scioglie il sangue dint'e vene sai...

Vide le luci in mezzo al mare
pensò alle notti là in America
ma erano solo le lampare
e la bianca scia d'un'elica
sentì il dolore nella musica
si alzò dal pianoforte
ma quando vide la luna uscire da una nuvola
gli sembrò più dolce anche la morte.
Guardò negli occhi la ragazza
quegli occhi verdi come il mare
poi all'improvviso uscì una lacrima
e lui credette d'affogare.

Te voglio bene assai
ma tanto tanto bene sai
è una catena ormai
che scioglie il sangue dint'e vene sai...

La potenza della lirica
dove ogni dramma è un falso
che con un po' di trucco e con la mimica
puoi diventare un altro
Ma due occhi che ti guardano
così vicini e veri
ti fanno scordare le parole
confondono i pensieri.

Così diventò tutto piccolo
anche le notti là in America
ti volti e vedi la tua vita
come la scia d'un'elica.

Ah si, è la vita che finisce
ma lui non ci pensò poi tanto
anzi si sentiva già felice
e ricominciò il suo canto:

Te voglio bene assai
ma tanto tanto bene sai
è una catena ormai
che scioglie il sangue dint'e vene sai...
Te voglio bene assai
ma tanto tanto bene sai
è una catena ormai







11 março, 2013


Adágio

Repõe o sonho o que o dia consome;
à noite, quando a vontade sucumbe,
afloram forças libertas
acompanhando divinos pressentimentos.
Murmuram bosque e rio, e através da alma esperta
um relâmpago cruza o céu de azul de noite.
Dentro e fora de mim
é o mesmo: somos um, o mundo e eu.
A nuvem flutua em meu coração,
sonha meu sonho o bosque,
contam-me a casa e a pereira
as esquecidas sagas de uma infância comum.
Em mim ressoam rios e ensombram-se barrancos,
são companheiras íntimas a lua e as estrelas pálidas.
E a benfeitora noite
que sobre mim se inclina com nuvens macias
tem o semblante de minha mãe,
e sorrindo me beija com amor inexaurível,
sonhadora balança como nos velhos tempos
a adorável cabeça, e seus cabelos
pelo mundo flutuam, e estremecem
em palidez inquieta as milhares de estrelas.

Hermann Hesse