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Alguém que ama a vida e odeia as injustiças

22 maio, 2012

Depois de Amanhã (II)

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-Minha senhora o café vai ficar frio…
Encara o empregado que a olha perspicaz. Murmura:
-Oh desculpe, obrigada.
Pega na chávena e dirige-se para a mesinha junto à janela. Senta-se, e devagar, saboreando, sorve o líquido.
Um olhar. A noite caiu. O comboio continua seu o tricotar metálico. A noite será o seu tempo.
Olha em volta. Dois homens ainda jovens. Um tem a cabeça descaída sobre o peito. Dormita. O outro lê o jornal. Infindável a leitura de um jornal num comboio. O conteúdo dos artigos ultrapassa-se para além da frase. É nas entrelinhas que se chegam às grandes conclusões, e dali se extrapolam os conceitos.
Extrapolar. Imperceptível, é o sorriso, que lhe aflora os lábios. Quantas vezes, ela ouviu, mesmo a seu lado, os sentidos extrapolarem a razão? Tantas, o dia-a-dia feito multiplicação.
Do outro lado, duas jovens conversam animadamente. Apura o ouvido, não por curiosidade, mas para ocupar o seu tempo. Escuta:
-Ó Sara deixei de o curtir. Pronto.
-Assim, de repente? Vocês andavam já há bué de tempo.
-Sim, três meses. Atrofiei, sabes? Parti p'ra outra.
-Hum. Percebo. Tá. Tudo na boa.
Desvia os sentidos para outro canto. Um casal de velhotes ampara-se no trepidar do comboio entre duas sandes de pão branco e mole e uns goles de um líquido qualquer. Trincam devagar, gostando. Os copos são levantados em compasso. Bebem e voltam a poisá-los. Entre um acto e outro entreolham-se sorrindo. Gozam o momento. A idade deu-lhes isso. Roubou-lhes a juventude e presenteou-os com a singeleza. A troca dos anos. O velho ditado “ a vida dá e tira” é tão acertado, pensa Sofia. Sente uma especial ternura e uma quase inveja pelo casal de velhotes. Como chegaram até ali! Tantos anos…
………………
Naquela tarde, enquanto dava a segunda aula, sentiu-se oprimida. Olhou para fora, pela janela mesmo  ao lado da secretária, as serras respiravam a tormenta. Estavam escuras e poderosas. O céu pintara-se de cinzento pesado e mal se mexia, oprimido. Sofia entreabriu a janela, porém o ar não limpou o seu sentir. A borrasca pressentia-se. Iria estalar a qualquer momento. O suor pespontava-lhe a testa. Sentia no corpo aquele tempo sem ar.
Caminhou pela ala entre as primeiras carteiras enquanto debitava a matéria. Uma pergunta aqui e outra ali. E o ritmo da aula girava. Mas aquela opressão continuava. Despiu o casaquito de algodão e resolveu fazer uma pausa na explicação. Os cinco minutos de descanso que dava aos alunos sempre que havia matéria nova. Conversa daqui, conversa dali, e ei-los distendidos. Podia recomeçar. Recomeçou. Cansada olhou de soslaio para o pulso onde os ponteiros pareciam colados. Não se mexiam. Alguma coisa ia acontecer. Conhecia-se por demais para desprezar os sintomas. Aquela opressão causava-lhe um certo atordoamento mental. Bom, o melhor era mesmo continuar a aula. Não valia a pena antecipar-se. A ansiedade não lhe daria descanso.
Continuou no seu deambular explicativo, enquanto os alunos se entretinham entre o conteúdo que escorregava por entre os ouvidos, noutros casos era bebido pelas mentes, e noutros ainda era devolvido intacto ao ar pesado da sala.
E o tempo decorreu. E a campainha tocou.
O tropel habitual aconteceu. Apanhou as suas coisas, atirou o olhar habitual à sala, fechou a porta e caminhou. Na sala do primeiro andar, onde todos os colegas se reuniam, pairava o calor abafado casado com o som das vozes. Os professores falam alto. Muito. As vozes têm tendência a tornarem-se estrídulas. Sofia sentia-se zonza, cada vez mais.
Agora era uma agonia vinda não do estômago, mas de algures, que não sabia bem definir. Sentou-se.
 -Sofia estás bem? - Ouviu muito longe, a voz.
Quis dizer algo mas a língua estava presa, o rosto também. Havia como que um força a tomá-la. E lhe tirava a clareza do dia, embaciava-lhe o cérebro.
Sentiu-se mole. Terrivelmente mole.
Estava num sítio diferente, estranho, quase diria esquisito. Estava separada. Ela aqui e a outra, ela também, mais além. Duas pessoas e uma só. Conseguia sentir que a outra lhe pertencia, porém era diferente. Cansou-se e fechou os olhos.
À medida que o tempo passava, a outra vinha-se aproximando. Tão devagar que nem dava por isso. E o cansaço desvanecia-se. Parecia que o torpor a ia deixando. Que o calor e a vibração começavam a tomá-la.
Abriu os olhos três dias depois. Disseram-lhe que tinha estado mais para lá do que para cá. Qual quê! Simplesmente adormecera e deixara que o seu corpo flutuasse. Tão simplesmente. Estava debilitada, sentia-o mas o seu cérebro funcionava. Foi retomando a posse dos seus sentidos. Sentia-se quase normal. A vista não. Qualquer coisa não batia certo. Mas não se ia preocupar agora que tinha acordado e via o mundo à sua volta com outras formas. Esquisito. Mas as pessoas pareciam-lhe diferentes mais pequenas e sumidas. Aquele ar de conquista, aquele brilho de vontade, o frenesim do ser ouvido tinha-se evaporado. Afinal eram comuns. Tal como ela.
Sofia suspirou por entre os lençóis de barra verde. Com a ponta dos dedos puxou-os para si. Tapou a boca. Os olhos orlados de macerado, sobressaiam no rosto amarelado de doença, contudo a vida continuava a espreitar.
Recuperou-se. O AVC deixara-lhe lapsos. Lapsos de memória, de espaço e até de paciência. Os lapsos de Sofia. Lapsos que, sub-repticiamente, aprendera a disfarçar com arte e estilo. Uma sobrevivente. Uma mulher com sorte diziam-lhe.
Talvez sim, talvez não. Já depois, muito depois quando pensava no caso, Sofia murmurava para si. Talvez sim, talvez não.
O mundo mudara. Ou fora antes ela que mudara? Os pequenos muitos nadas que tanta importância dava nos dias antes, agora ao remirá-los, causavam-lhe bocejos. Como as ninharias deixam de ter peso ,quando a vida está em jogo. Um lugar-comum, aliás um pensamento banal, mas não somos todos banais? Encolheu os ombros, era algo intrinsecamente seu, pertencia-lhe. Não, não era displicência, nem um deixa andar, somente o seu trejeito, que dizia: Já lá vai, mas voltará. A inevitabilidade que sempre a coabitara E foi com um encolher de ombros que também se lançara na luta de cada dia. Lá no seu íntimo, sabia que levaria a melhor, e assim de mansinho exterior, mas com a força interior, atirou-se, e conseguiu.
Sofia venceu a batalha, agora a guerra? Isso, não sabe, mas o que importa, e depois quem o sabe?
A sua vida em pequenas lutas. São os quadros que a pintam.
E os pensamentos quais gotículas de cacimbo deslizam pelo vestíbulo da noite. Não se sente velha como o reflexo teima em apregoar. Aliás a sua cabeça é um baloiço de agilidade onde o pensamento se entrecruza com a maturidade do raciocínio. Gosta dos seus cinquenta e oito anos e do amanhã de todos os dias.
Uma mulher sem história ou uma história de mulher? Abana ligeiramente o pescoço afastando as divagações que a visitam em cada segundo. Não quer divagar, apenas pensar. Tem que delinear objectivamente o seu trajecto. As horas deslizam velozmente à medida que o comboio avança. Amanhã terá muito que fazer.
……………………

20 maio, 2012

Depois de Amanhã

Depois de Amanhã
  1. Sobe ofegantes os três degraus da carruagem. Já no interior respira fundo. Leva a mão à testa. Sente-a húmida. Adivinha o calor vermelho das faces. Pensa: “Devo estar um espanto. Maldita correria!” Senta-se junto à janela. Respira e descontrai. As malas estão além, bem à vista, porque nestas coisas é sempre bom ter estarem debaixo do olho. Não é que desconfie, é apenas por precaução. Olha em redor. Gente. Silêncio. Tudo dorme nos seus pensamentos. Humedece os lábios, respira fundo, olha para o exterior. O comboio ainda está na estação. Não percebe lá muito bem porquê, pois que já se ouviu o apito. Mas enfim. Cruza a perna e pega no livro. Um pouco de leitura faz passar o tempo, e depois já anda enrolada no livro já vai para quase um mês. Não é falta de vontade é, sim, falta de tempo, bem não será mesmo assim, é antes uma falta de motivação como se usa por estes dias, para ela chama-se interesse. Mas toda a gente parece falar da obra mais do autor M. L. A crítica é excelente. Uma escrita objectiva, desnudada de artifícios. O sentir carnal da vida em emoção. Tem tentado, mas não sabe muito bem o que se passa, aborrece-a. Uma vez mais a norma trai-a. C’os diabos porque a sua opinião difere sempre. Uma questão que nunca entendeu. Enfim. - “ Bah, - pensa Sofia lá estou eu outra vez a divagar…bem vou-me concentrar no livro.” O comboio arranca, deslizando no seu tricotar oleado. Aquele som embala-a. O livro adormece aberto. O olhar prende-se à paisagem que desfila apressada como se estivesse em hora de ponta. Uma correria de árvores, campos, verde e castanho borboleteado de branco e tijolo. Baixa os olhos cansados pela rapidez da imagem. Volta a poisá-los nas páginas do livro. De inicio a massa preta das letras são confusas. Depois, devagarinho, o sentido de cada palavra apossa-se-lhe do cérebro e deixa-se conduzir pela escrita. Pisca o castanho dos olhos ao lusco-fusco que vem da janela. Sente vontade de se espreguiçar e furtivamente olha em redor. A carruagem continua adormecida. Sofia estende os braços empinando o peito. Um suspiro. Fecha o livro. Levanta-se e olha o relógio. Quase sete horas. “Vou tomar qualquer coisa lá no bar. Um cafezinho sabia mesmo a matar.” Pega na bolsa ajeita a sai justa, estica suavemente o jersey vermelho, depois maquinalmente os dedos embrenham-se nos cabelos soltos. Crê-se alinhada, afivela um sorriso e num passo elástico, se bem que cambaleante devido ao trepidar do comboio, dirige-se para o bar. Enquanto caminha, vai olhando de soslaio para os rostos que dormitam, lêem, ou simplesmente se mantêm imóveis, quem sabe, se fazendo contas, ou simplesmente delineando estratégias. Aqui uma jovem de headphones meneia a cabeça ao som do seu MP4. Os lábios mexem-se mudos enquanto os olhos bem abertos bebem o som que os ouvidos entornam. Na entrada da carruagem, um homem fala ansioso ao telemóvel. Fala e olha o relógio. Gesticula com a mão livre, a justificar as palavras. Fica para trás. Abre com rangido a porta da segunda carruagem. Quase deserta. Um casalinho de jovens mastiga os beijos mais as carícias, numa rapidez aguada. Desvia o olhar por educação. Continua o seu passo. De novo outra passagem. Abre a porta. Estes passadiços fazem-lhe lembrar as entradas e saídas da sua vida. …………………. 
  2.  
  3. Havia no ar um qualquer cheiro quente que engolia a vontade de fazer o que quer que fosse. Era Agosto. Os primeiros dias, os que vestem a moleza. As cigarras mais as rãs ralavam o Estio nas margens suadas do ribeiro. Deitada na erva húmida, de olhos bem abertos observava a dança dos andorinhões que se atreviam no azul do céu, ali mesmo adiante da velha casa. O chilrear feliz das crias em voo inseguro, faziam-na suspirar. Estava de férias. Estava ali. Era o tempo das ameixas suculentas, dos abrunhos melosos, do trigo cortado, do corpo a crescer e daquela sonolência quase feliz dos dias iguais. Quase. Porque foi nesse verão que os pais se separaram. No princípio não notou nada. Estava com os avós. Era ali o poiso das férias. Era mais uma dos cinco netos. Uma felicidade feita de barulhos, correrias, saltos, cambalhotas, risos e geleias. Não sabe bem porquê, mas o verão, ainda hoje lhe sabe a geleia de marmelo. Por essa altura ainda estavam bem pequenos nas árvores, mas os potes da dispensa eram luzidios de tampa bem amarela e com rótulos de papel. Diziam:“Geleia de Marmelo”. Avó escrevera-os, naquela letra cheia de pressa, de quem tem mil e uma coisas a fazer, e pouca paciência para os pormenores. A avó cinzenta. A cor do cabelo, e dos olhos. Uns olhos grandes, casados com a ironia. Havia naquele olhar uma provocação à vida. Os gestos estavam, recorda, sempre divorciados do olhar. Não era doce avó, nada tinha a ver as memórias das avozinhas. Não, a avó era prática quase agreste. Na boca fina um trejeito quase doce mas por demais rápido para não pegar, e um incomensurável brilho nos olhos cinzentos que lhe faziam o adorno do rosto. Eram os olhos, o mundo do seu corpo. Tinham a força, a meiguice e toda a ironia. Aquela ironia viva, que parecia zombar das gentes e dos costumes mas que afinal era de si que motejava. A avó que os despachava sem grandes delongas, que os queria em ordem à hora das refeições, que lhes puxava os lençóis engomados e lhes lavava as faces com força, ou ainda que os esfregava como se fossem as panelas da sua bendita cozinha, mas que calçava os gatos com os sabugos das árvores e colocava laços no pescoço das gatas. Eram muitos no casarão. Ela ainda hoje se retrai sempre que um gato se aproxima. Não gosta mesmo dos bichos. Nesse verão, uma vez mais foi para os avós, para a casa grande. O pai e a mãe foram lá pô-la depois da praia. Era o costume. Todos os anos o tempo das ameixas chegava depois do tempo dos búzios. E naquele ano, tudo se cumpriu como o tempo, ou melhor tudo se desmoronou. No inicio não percebeu nada, também nada lhe foi dito. Nem reparou no pigarrear do avô, nem nas falinhas baixas da avó mais da Maria, a velha criada. Em nada. Estava tão ocupada em brincar com os primos, apanhar as rãs, mergulhar no ribeiro, a andar de burro, a escorregar pelo monte abaixo e comer abrunhos! A mãe apareceu sozinha. Vinha enfiada naqueles seus óculos escuros tão modernos, lenço em volta do cabelo e vestida de forma irrepreensível como era hábito. Também aí não desconfiou. Perguntou pelo pai e a mãe respondeu. -O teu pai, Sofia está a trabalhar. Claro está, que uma garota de sete anos não desconfia, sobretudo quando se lhe dá uma resposta tão plausível, e ainda por cima, dita com toda a serenidade do mundo. E a mãe ficou pela casa dos avós. Arrastou-se entre o terraço e o quarto, sempre às voltas com uns livros, revistas ou algo do género. Uma vez por outra descia ao café da aldeia, e displicente lá tomava um cafezito com as outrora companheiras de folguedo cuja aparência se mediam em proporção à prole que apresentavam. E as férias acabaram. E o pai nunca veio. Foi no regresso, quando chegou a casa que a mãe lhe disse: -Sofia, o pai vai estar fora muito tempo. Vamos ficar tu e eu, só. -Ó mãezinha mas o paizinho vem, não vem? Quando vai vir? Não podemos ir ter com ele? -Sofia o pai vai estar fora, já te disse. E pronto. As lágrimas assomaram mas rapidamente foram engolidas. Era assim. O tempo das perguntas caladas. …………………… . .

20 abril, 2012

Os homens deviam ser o que parecem ou, pelo menos, não parecerem o que não são." Shakespeare , William .

04 abril, 2012

Desejo-vos uma Páscoa Feliz.

"A música pode mudar o mundo porque pode mudar as pessoas." - Vox , Bono

18 março, 2012





Mistério

Gosto de ti, ó chuva, nos beirados,
Dizendo coisas que ninguém entende!
Da tua cantilena se desprende
Um sonho de magia e de pecados.

Dos teus pálidos dedos delicados
Uma alada canção palpita e ascende,
Frases que a nossa boca não aprende,
Murmúrios por caminhos desolados.

Pelo meu rosto branco, sempre frio,
Fazes passar o lúgubre arrepio
Das sensações estranhas, dolorosas…

Talvez um dia entenda o teu mistério…
Quando, inerte, na paz do cemitério,
O meu corpo matar a fome às rosas!

29 fevereiro, 2012

O Poema
O poema não é o canto

que do grilo para a rosa cresce.
O poema é o grilo
é a rosa
e é aquilo que cresce.

É o pensamento que exclui
uma determinação
na fonte donde ele flui
e naquilo que descreve.
O poema é o que no homem
para lá do homem se atreve.

Os acontecimentos são pedras
e a poesia transcendê-las
na já longínqua noção
de descrevê-las.

E essa própria noção é só
uma saudade que se desvanece
na poesia. Pura intenção
de cantar o que não conhece.

Natália Correia, in "Poemas (1955)"
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29 janeiro, 2012

17 janeiro, 2012

09 janeiro, 2012


"Às vezes, lavando as mãos sujamos a consciência."
(Autor desconhecido)

29 dezembro, 2011

Happy New Year

A todos os que me visitam desejo-vos um 2012 pleno de Saúde , Paz e Amor!



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19 dezembro, 2011

Natal 2011

A todos os amigos desejo um Feliz Natal com muito Amor, Harmonia e Paz





Natal Divino
Natal divino ao rés-do-chão humano,

Sem um anjo a cantar a cada ouvido.
Encolhido
À lareira,
Ao que pergunto
Respondo
Com as achas que vou pondo
Na fogueira.

O mito apenas velado
Como um cadáver
Familiar…
E neve, neve, a caiar
De triste melancolia
Os caminhos onde um dia
Vi os Magos galopar…

Miguel Torga

01 dezembro, 2011

"Toda a poesia - e a canção é uma poesia ajudada - reflete o que a alma não tem. Por isso a canção dos povos tristes é alegre e a canção dos povos alegres é triste."

21 novembro, 2011

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“A verdadeira generosidade para com o futuro consiste em dar no presente”

(Albert Camus)..

17 novembro, 2011

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Há quatro características que um juiz deve possuir: escutar com cortesia, responder sabiamente, ponderar com prudência e decidir imparcialmente.
(Sócrates)..

08 novembro, 2011

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"Do rio que tudo arrasta, diz-se que é violento. Mas ninguém chama violentas às margens que o comprimem."


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17 outubro, 2011

11 outubro, 2011

07 outubro, 2011

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"Mesmo que a rota da minha vida me conduza a uma estrela, nem por isso fui dispensado de percorrer os caminhos do mundo."

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05 outubro, 2011


O Poema Original


Original é o poeta
que se origina a si mesmo
que numa sílaba é seta
noutra pasmo ou cataclismo
o que se atira ao poema
como se fosse ao abismo
e faz um filho às palavras
na cama do romantismo.
Original é o poeta
capaz de escrever em sismo.

Original é o poeta
de origem clara e comum
que sendo de toda a parte
não é de lugar algum.
O que gera a própria arte
na força de ser só um
por todos a quem a sorte
faz devorar em jejum.
Original é o poeta
que de todos for só um.

Original é o poeta
expulso do paraíso
por saber compreender
o que é o choro e o riso;
aquele que desce à rua
bebe copos quebra nozes
e ferra em quem tem juízo
versos brancos e ferozes.
Original é o poeta
que é gato de sete vozes.

Original é o poeta
que chega ao despudor
de escrever todos os dias
como se fizesse amor.

Esse que despe a poesia
como se fosse mulher
e nela emprenha a alegria
de ser um homem qualquer.


Ary dos Santos, in 'Resumo'..

24 setembro, 2011

O COLAR

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O Colar

Azeviche brilhante. As centelhas desprendem-se na medida exacta da respiração. Desce do pescoço alvo. Sorri ao decote generoso. Ali no lugar preciso da despedida onde o colo se alarga. Requebra-se na carne na medida exacta do movimento. A cada passo uma pérola brilha. É o colar de pérolas negras.

Olha o mundo com altivez. Sabe-se belo. Conhece-se magnificente. Deleita-se no seu poder.

Tem uma estória. Tudo na vida tem uma estória.

Francisco lembrava-se de o ver no pescoço de sua avó. Lembrava-se. Aquela rodada de bolas negras que descia da garganta macia da avó Carlota. Como gostava de se sentar no seu regaço, colocar as mãos papudas em redor do pescoço e sentir o frio das bolas negras. Quase jurava que tinham cheiro, quase Lembrava-se adolescente de vê-lo sonolento em redor do pescoço da mãe. Havia algo que não sabia definir, mas que na sua mãe o tornava meio adormecido. Talvez o negro dos cabelos adormecesse as pérolas. Talvez. Talvez o moreno da pele roubasse o brilho às contas negras. Depois, alguns anos mais tarde, na coluna esguia de Alice. O colar, que ela só às vezes usava por o achar demasiado chique, ficava-lhe mesmo a matar. Dera-lho sua mãe quando o seu filho mais velho nascera. O colar passeara-se morno por entre as mulheres. A umas dava-se, a outras emprestava-se, apenas.

O colar adormeceu no estojo durante muitos anos. Alice, a sua mulher, nunca gostou das pérolas negras. Achava-as muito frias, tristes. Não faziam nada o seu género. Ficavam-lhe bem, muito mesmo, todavia no seu estilo de vida e de ser, o colar negro não cabia. Esporadicamente usava-o. Em ocasiões muito especiais e sobretudo quando ele estava envolvido, isto é sempre que Francisco e a família surgiam. O colar da família.

As pérolas tornaram-se mais negras, Repousaram no estojo de veludo branco. Sempre que a tampa se levantava, uma pequena centelha desprendia-se e perdia-se algures por entre o sorriso de um colo nu. Um dia, anos depois, já no novo milénio Vicente, o filho mais velho de Francisco casou-se. O primeiro entre três rapazes. O colar saiu da cama de veludo branco e vestiu o pescoço de Alice. Foi a última vez. Logo num ato de amizade e sobretudo de liberdade deu-o a Marta, a sua nora. Marta adorou-o e colar negro deu-se a Marta. Deste casamento nasceu uma elegância simples e, no entanto assaz requintada.

Francisco pensou que o colar achara finalmente a dona perfeita. E assim foi durante todos aqueles anos maduros que recorda. Quando os olhos de Francisco se tornaram contas de vidro lacrimejantes e a mão esquerda sem se saber porquê achou por bem tremer desatinada, Simão, o bisneto casou. Um belo rapaz com o traço da família. A mulher uma jovem pequena e meio descarnada cujos atributos ele não visualizou, talvez pelo lacrimejar dos seus o lhos, mas que ouvi contar, a pequena como lhe chamava, ao receber o colar de pérolas olhou-o meio trocista e disse logo:” Ora, não me estou a ver com tal objecto. Mas obrigada.”

E uma vez mais o colar voltou a dormir na sua cama de veludo já meio amarelada e puída. Coisas do tempo.

O nome da pequena se não lhe falhava a memória seria Cristina. Era isso. Pensando bem já não a via há muito tempo. Por onde andariam Simão e Cristina? Talvez naquele corre-corre de não se sabe bem de quê, nem muito menos para quê. Os dias, neste tempo sumiam-se sem horas engolidos no espaço cinzento dos passos trocados. Ora lá estava ele a divagar. Acontecia-lhe cada vez mais. Abanando a cabeça na medida exata que os pensamentos eram espargidos, Francisco poisa de novo o olhar naquela morena ondulante que a cada passo faz que o colar negro dance no brilho da carne. Quem será, pergunta-se, quem? Como tem o colar negro e tão rápido quanto os seus oitenta e sete anos permitem, pensa: Será que é outro colar? Será que o foi vendido? Será que foi roubado?

Trémulo e sem pensar aproxima-se da morena risonha. Olha-a e suspira. Não se sabe bem se de pena de estar velho se pela graça dela. Olha-a breve mas intensamente, e sem atinar no gesto, poisa a mão no colar negro ,que lhe sorri.

A jovem sorridente, cobre-lhe o gesto com os seus dedos esguios, olhando muda mas docemente interroga-o. Francisco reage e balbuciando lá articula numa voz presa: “-Desculpe-me, minha senhora. Desculpe a minha ousadia…o colar… o colar…”

Imperturbável de sorriso nos lábios vermelhos numa voz suave responde-lhe:”- Sim? O senhor é?”

Olha-a atordoado pela beleza dos traços, pelo sorriso doce, pela voz fresca e tataramela Fran…Francisco de Almeida, minha senhora.”

-Oh, que coincidência…o apelido de meu marido.

-Perdoe, mas… o seu marido é?

-Simão de Almeida e o senhor deve…então é o bisavô! Oh, que amor! Oh. Como eu o queria conhecer. Casamos apenas há quinze dias, como vê ainda não conheço a família toda.

Francisco sente que algo lhe foge sob os pés. O mundo revolteou-se. Simão é casado com Cristina, e agora, e agora…

-Simão.Mas… perdão, minha querida, o seu nome é?

- Carlota.

Meu Deus, isto é uma peça, pensa Francisco .Carlota, Carlota como a sua avó. E o cheiro das pérolas no pescoço da avó chega a até ele de mãos dadas com tantas memórias. Vacila. Carlota ampara-o docemente. Num misto de ternura. Já não são as suas mãos papudas em redor do pescoço alvo, são umas mãos esguias mas tão doces nas dele. As memórias e o pingar do tempo da ternura...

Naquela noite quando se deitou, Francisco visualizou os dias da sua vida. Um carrossel de marionetas subindo e descendo ao som do acorde destrambelhado dos tempos. Em cada paragem havia novas figuras que entravam ou saíam, um girar, um correr. O som estridente a latejar o mover dos dias, o carrossel a subir, a descer, o rodar sem tino. Nova paragem, nova rodada e as marionetas diferentes que saiam e entravam sentando-se nas figuras de pau coloridas e estáticas Cá fora os Homens passavam entretidos nos pensamentos enrolados dos dias da vida em passos marcados, em olhares cruzados, em gestos por nascer, em risos perdidos soprados, em beijos esboçados de sentires.

Naquele vai e vem de figuras, uma sobrepõe-se: A da mulher do colar de pérolas negras...

Cruza as mãos sobre o peito e, descansa então.


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15 setembro, 2011

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Escuto

Escuto mas não sei
Se o que oiço é silêncio
Ou deus

Escuto sem saber se estou ouvindo
O ressoar das planícies do vazio
Ou a consciência atenta
Que nos confins do universo
Me decifra e fita

Apenas sei que caminho como quem
É olhado amado e conhecido
E por isso em cada gesto ponho
Solenidade e risco


Sophia de Mello Breyner Andresen



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13 setembro, 2011

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Nem tudo é fácil

É difícil fazer alguém feliz, assim como é fácil fazer triste.

É difícil dizer eu te amo, assim como é fácil não dizer nada
É difícil valorizar um amor, assim como é fácil perdê-lo para sempre.
É difícil agradecer pelo dia de hoje, assim como é fácil viver mais um dia.
É difícil enxergar o que a vida traz de bom, assim como é fácil fechar os olhos e atravessar a rua.
É difícil se convencer de que se é feliz, assim como é fácil achar que sempre falta algo.
É difícil fazer alguém sorrir, assim como é fácil fazer chorar.
É difícil colocar-se no lugar de alguém, assim como é fácil olhar para o próprio umbigo.
Se você errou, peça desculpas...
É difícil pedir perdão? Mas quem disse que é fácil ser perdoado?
Se alguém errou com você, perdoa-o...
É difícil perdoar? Mas quem disse que é fácil se arrepender?
Se você sente algo, diga...
É difícil se abrir? Mas quem disse que é fácil encontrar
alguém que queira escutar?
Se alguém reclama de você, ouça...
É difícil ouvir certas coisas? Mas quem disse que é fácil ouvir você?
Se alguém te ama, ame-o...
É difícil entregar-se? Mas quem disse que é fácil ser feliz?
Nem tudo é fácil na vida...Mas, com certeza, nada é impossível
Precisamos acreditar, ter fé e lutar
para que não apenas sonhemos, Mas também tornemos todos esses desejos,
realidade!!!

11 setembro, 2011

Foto do Dia


10.º aniversário do 11 de setembro

Foto@EPA/Justin Lane

A imagem de uma rosa sobre os nomes inscritos à volta do memorial "North Pool of the 9/11", durante as cerimónias do 10.º aniversário dos ataques ao World Trade Center.

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09 setembro, 2011

04 setembro, 2011

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"Muitos homens passam por sábios graças à ignorância dos outros."

(Autor desconhecido)..

31 agosto, 2011

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Poetas

Ai almas dos poetas
Não as entende ninguém,
São almas de violeta
Que são poetas também.

Andam perdidas na vida,
Como estrelas no ar;
Sentem o vento gemer
Ouvem as rosas chorar!

Só quem embala no peito
Dores amargas secretas
É que em noites de luar
Pode entender os poetas.

E eu que arrasto amarguras
Que nunca arrastou ninguém
Tenho alma para sentir
A dos poetas também!

29 agosto, 2011

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A la lumière

Dans l'essaim nébuleux des constellations,
Ô toi qui naquis la première,
Ô nourrice des fleurs et des fruits, ô Lumière,
Blanche mère des visions,

Tu nous viens du soleil à travers les doux voiles
Des vapeurs flottantes dans l'air :
La vie alors s'anime et, sous ton frisson clair,
Sourit, ô fille des étoiles !

Salut ! car avant toi les choses n'étaient pas.
Salut ! douce ; salut ! puissante.
Salut ! de mes regards conductrice innocente
Et conseillère de mes pas.

Par toi sont les couleurs et les formes divines,
Par toi, tout ce que nous aimons.
Tu fais briller la neige à la cime des monts,
Tu charmes le bord des ravines.

Tu fais sous le ciel bleu fleurir les colibris
Dans les parfums et la rosée ;
Et la grâce décente avec toi s'est posée
Sur les choses que tu chéris.

Le matin est joyeux de tes bonnes caresses ;
Tu donnes aux nuits la douceur,
Aux bois l'ombre mouvante et la molle épaisseur
Que cherchent les jeunes tendresses.

Par toi la mer profonde a de vivantes fleurs
Et de blonds nageurs que tu dores.
Au ciel humide encore et pur, tes météores
Prêtent l'éclat des sept couleurs.

Lumière, c'est par toi que les femmes sont belles
Sous ton vêtement glorieux ;
Et tes chères clartés, en passant par leurs yeux,
Versent des délices nouvelles.

Leurs oreilles te font un trône oriental
Où tu brilles dans une gemme,
Et partout où tu luis, tu restes, toi que j'aime,
Vierge comme en ton jour natal.

Sois ma force, ô Lumière ! et puissent mes pensées,
Belles et simples comme toi,
Dans la grâce et la paix, dérouler sous ta foi
Leurs formes toujours cadencées !

Donne à mes yeux heureux de voir longtemps encor,
En une volupté sereine,
La Beauté se dressant marcher comme une reine
Sous ta chaste couronne d'or.

Et, lorsque dans son sein la Nature des choses
Formera mes destins futurs,
Reviens baigner, reviens nourrir de tes flots purs
Mes nouvelles métamorphoses.

Anatole FRANCE (1844-1924)

25 agosto, 2011

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Aldous Huxley

Estava eu sentado, perto do mar, a ouvir com pouca atenção um amigo meu que falava arrebatadamente de um assunto qualquer, que me era apenas fastidioso. Sem ter consciência disso, pus-me a olhar para uma pequena quantidade de areia que entretanto apanhara com a mão; de súbito vi a beleza requintada de cada um daqueles pequenos grãos; apercebia-me de que cada pequena partícula, em vez de ser desinteressante, era feito de acordo com um padrão geométrico perfeito, com ângulos bem definidos, cada um deles dardejando uma luz intensa; cada um daqueles pequenos cristais tinha o brilho de um arco-íris... Os raios atravessavam-se uns aos outros, constituindo pequenos padrões, duma beleza tal que me deixava sem respiração... Foi então que, subitamente, a minha consciência como que se iluminou por dentro e percebi, duma forma viva, que todo o universo é feito de partículas de material, partículas que por mais desinteressantes ou desprovidas de vida que possam parecer, nunca deixam de estar carregadas daquela beleza intensa e vital. Durante um segundo ou dois, o mundo pareceu-me uma chama de glória. E uma vez extinta essa chama, ficou-me qualquer coisa que junca mais esqueci que me faz pensar constantemente na beleza que encerra cada um dos mais ínfimos fragmentos de matéria à nossa volta. ..