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"...És homem, não te esqueças! Só é tua a loucura onde, com lucidez, te reconheças." Miguel Torga
12 agosto, 2013
04 agosto, 2013
13 julho, 2013
19 junho, 2013
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.Dentro de dias farias anos, mais um, e uma vez mais os versos de João de Deus soltar-se-íam :" com que então caíu na asneira..../Não sei quem foi que me disse que fez a mesma tolice aqui no ano passado,.../ Não faça tal, porque os anos /que nos trazem? Desenganos/ Que fazem a gente velho...Paravas por aqui e assim o faço também , mas acrescento apenas um poema, de alguém maior, de alguém que também muito amo. Aqui vai com um eterno e doce beijo.
O Pai
Terra de semente inculta e bravia,
terra onde não há esteiros ou caminhos,
sob o sol minha vida se alonga e estremece.
Pai, nada podem teus olhos doces,
como nada puderam as estrelas
que me abrasam os olhos e as faces.
Escureceu-me a vista o mal de amor
e na doce fonte do meu sonho
outra fonte tremida se reflecte.
Depois... Pergunta a Deus porque me deram
o que me deram e porque depois
conheci a solidão do céu e da terra.
Olha, minha juventude foi um puro
botão que ficou por rebentar e perde
a sua doçura de seiva e de sangue.
O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de a beijar... E o outono.
Pai, nada podem teus olhos doces.
Escutarei de noite as tuas palavras:
... menino, meu menino...
E na noite imensa
com as feridas de ambos seguirei.
Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage
terra onde não há esteiros ou caminhos,
sob o sol minha vida se alonga e estremece.
Pai, nada podem teus olhos doces,
como nada puderam as estrelas
que me abrasam os olhos e as faces.
Escureceu-me a vista o mal de amor
e na doce fonte do meu sonho
outra fonte tremida se reflecte.
Depois... Pergunta a Deus porque me deram
o que me deram e porque depois
conheci a solidão do céu e da terra.
Olha, minha juventude foi um puro
botão que ficou por rebentar e perde
a sua doçura de seiva e de sangue.
O sol que cai e cai eternamente
cansou-se de a beijar... E o outono.
Pai, nada podem teus olhos doces.
Escutarei de noite as tuas palavras:
... menino, meu menino...
E na noite imensa
com as feridas de ambos seguirei.
Pablo Neruda, in "Crepusculário"
Tradução de Rui Lage
09 junho, 2013
Mãos
Mãos,
Redondas, cheias, quentes,
Mãos de amor,
Esguias, elásticas, subtis de
encanto,
Mãos de Sentir,
Mãos eternas, sofridas, de amparo,
esquecidas
Mãos de Vida
Mãos duras, sujas, gretadas, inchadas
Dão-nos o Pão-nosso de cada dia,
Mãos cúpidas, vorazes, rapaces
As que vendem a Alma!
Mãos que dão, beijam e alagam.
E concebem o Sonho,
Mãos angulosas, retortas, trémulas
Estrada de Idades!
Mãos frementes, prenhes, doces
Sorrisos de Mãe,
Mãos rápidas, precisas, quentes
Gestos brancos.
Mãos desgarradas, feridas, retorcidas
Salivas de ódio
Mãos, nuas, exangues, cruzadas,
Ámen
Mãos, mãos estultas, doces, vibrantes,
Mãos que dão, que tiram, que recebem,
que roubam
Amor, ódio, vida, morte
Mãos vividas, por viver, por abrir,
por ler.
São mãos tuas, são mãos minhas,
Os gestos de Nós.
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27 maio, 2013
22 maio, 2013
Sentires
Sentires
Rio, rio e rio porque
choro,
Choro, choro e choro
porque vivo
Em sentir de ti.
Rói-se o corpo nu
Rebobina-se o coração
em latejar de alma despida,
E busca-se o sentido
na vida,
Do tempo nosso
passado- futuro,
Em presente reinventado,
Cadeado de amanhãs
por nascer.
Crime de alma em
arco-íris de pensamento,
De ferruginosas
chaves travado.
Mão estendida em rito
excitado de vida,
O olhar escancarado em
fome
De Ser.
-Ah, quisera sentir!
-Ah quisera que os
meus dedos enrolassem
Teus desejos perdidos,
E que meu sentir
fosse cesto de bagos líquidos
Na caverna do teu
Ter.
Ah como choro rindo
num sentir não perdido.
De mim sem ti!
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