Uma volta, um arrojo, um requebro. A graça, em trejeito de garra, revolteia no passo. Rodopia, serpenteia, crispa e solta-se. Chama, atiça e cobra. É o pasodoble. Capa e besta. Mulher e homem. Olé! Forte, ardente. Pulsa o sangue, desce o desejo. Aqui, vem. A chiquelina glosada em movimento ondulante. A volúpia. Chamariz de anseio e provocação. Arremete a besta. Chega-se o homem. Revira-se o vermelho ondulante plasmado em tecido, e, em carne. E baloiça a perna, em redondo apertado, serpenteando o negro que a cobre. Labareda quente de feitiço. A música. E viva Espanha! O folho dança no agitar da mão e rebola na anca que meneia. O pescoço sobranceiro é pináculo de um rosto ardente. Semi-cerra o olhar que convida. Há paixão. Há sangue e carne. Mais um passo, uma volta. Uma sugestão. Convite. Desejo. Sim. Não. Ainda não. E a música embriga. Afasta-se, uma volta em graça, ondulante e faceira. Ele dobra-se, arremete-se, encolhe-se. Ah, que paixão, que vontade. Mas há que esperar. E a música viva, palpitante. Quer a mulher, quer a capa, quer, quer. Ah, mas as duas, tudo a vida. A saia, a capa, o ondular no requebro atiçador. Entontece. Arrepia, cansa e pulsa. O peito arfa. Não aguenta mais, os acordes tornam-no zonzo, a besta explode. E de um salto arroja-se aos pés. A música cessa.
.