"...És homem, não te esqueças! Só é tua a loucura onde, com lucidez, te reconheças." Miguel Torga
29 julho, 2014
06 julho, 2014
Fernão Capelo Gaivota
Foto di Anka Zhuravleva
_____________________Richard Bach
In Fernão Capelo Gaivota -
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05 maio, 2014
Porque hoje é dia da Mãe pego num punhado de pequenas palavras redondas cortadas em ramos de Ser e delicadamente afago-as no olhar de minha mãe.É e será fábula de vida sentida em gestos imaginados de um coração por abrir.Minha mãe cálice da minha essência, tela da minha carne croquis da minha vida. A ti, porque és Mulher e Mãe um simples Obrigada, neste dia que é teu ,meu e nosso .
17 abril, 2014
Degraus de Abril
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Degraus de Abril.
É tempo de
ressurreição! Dizem, porque é Páscoa. Conta-se porque é tempo de liberdade.
Os dias têm sol e calor. Na terra brotam os
gomos, abrolha a vida. Renasce como em cada Abril. Em 2014 a Páscoa sentou-se
num degrau do mês e cinco degraus mais abaixo curva-se o Vinte e Cinco.
Dizem que é tempo de ressurreição.
A cruz dos tempos aponta para o alto a mágoa dos dias.
A esqualidez do estômago, a revolta do ser, a míngua do nada. O ter que foi e
haver sem h fazem a paixão destes dias. Paixão desventrada não em corpos
exangues mas em vidas sacrificadas. É tempo de paixão. Erguem-se os punhos em
ato de súplica, erguem-se as vozes em ritos de revolta. É tempo de Paixão. É
tempo do Homem.
-“Eloi, Eloi, Eloi, lemà sabactani?” Houve grito ou
murmúrio? Houve revolta ou aceitação? Houve, sim, houve história no tempo das
almas. Ontem foi tempo de Crucificação, hoje é de Ressurreição.
Quem nos abandonou? Dizem que foi o Pai. O Pai
abandonou o Filho. E a nós quem nos perdeu? Tempo de Crucificação, Tempo de Ressurreição.
Tempo de Paixão.
Paixão da nossa morte anunciada, paixão de um povo
agrilhoado na fome da decadência Paixão qual látego sulcando o dorso da esperança.
Ricochete de sonho vomitado em degraus de Abril, logo abaixo da Ressurreição.
Abril sem Renascer, apenas Abril de Memória. Quase
vazio, quase impercetível.
Tempo prometido e abandonado. Tempo de nós. Hoje o
tempo não é humano é do dinheiro qual Judas em trinta moedas. Eis a nossa
Ressurreição.
-“Eloi, Eloi, Eloi, lemà sabactani? Perguntou ao Pai
E Abril, de ontem, de um dia, virá, respondeu o Povo
06 abril, 2014
É Impossível que o Tempo Actual não Seja o Amanhecer doutra Era
Miguel Torga, in "Diário (1942)"
(...É impossível que o tempo actual não seja o amanhecer doutra era, onde os homens signifiquem apenas um instinto às ordens da primeira solicitação. Tudo quanto era coerência, dignidade, hombridade, respeito humano, foi-se. Os dois ou três casos pessoais que conheço do século passado, levam-me a concluir que era uma gente naturalmente cheia de limitações, mas digna, direita, capaz de repetir no fim da vida a palavra com que se comprometera no início dela. Além disso heróica nas suas dores, sofrendo-as ao mesmo tempo com a tristeza do animal e a grandeza da pessoa. Agora é esta ferocidade que se vê, esta coragem que não dá para deixar abrir um panarício ou parir um filho sem anestesia, esta tartufice, que a gente chega a perguntar que diferença haverá entre uma humanidade que é daqui, dali, de acolá, conforme a brisa, e uma colónia de bichos que sentem a humidade ou o cheiro do alimento de certo lado, e não têm mais nenhuma hesitação nem mais nenhum entrave...)
.Miguel Torga, in "Diário (1942)" .
Miguel Torga, in "Diário (1942)"
(...É impossível que o tempo actual não seja o amanhecer doutra era, onde os homens signifiquem apenas um instinto às ordens da primeira solicitação. Tudo quanto era coerência, dignidade, hombridade, respeito humano, foi-se. Os dois ou três casos pessoais que conheço do século passado, levam-me a concluir que era uma gente naturalmente cheia de limitações, mas digna, direita, capaz de repetir no fim da vida a palavra com que se comprometera no início dela. Além disso heróica nas suas dores, sofrendo-as ao mesmo tempo com a tristeza do animal e a grandeza da pessoa. Agora é esta ferocidade que se vê, esta coragem que não dá para deixar abrir um panarício ou parir um filho sem anestesia, esta tartufice, que a gente chega a perguntar que diferença haverá entre uma humanidade que é daqui, dali, de acolá, conforme a brisa, e uma colónia de bichos que sentem a humidade ou o cheiro do alimento de certo lado, e não têm mais nenhuma hesitação nem mais nenhum entrave...)
.Miguel Torga, in "Diário (1942)" .
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