Uma Casa na Escuridão
«Então, fechei os olhos com força e fixei-me no que via.
Esta era uma das coisas que fazia desde pequeno, que tinha descoberto por acaso
e que imaginava ser eu a única pessoa a fazer no mundo. Fechava os olhos e via.
Via o que se vê com os olhos fechados (...) Isto é o que se vê quando fechados
os olhos e continuamos a ver: a cor negra e os pequenos seres de luz que a
habitam. E não se consegue olhar fixamente nem para o negro nem para a luz. Os
pontos ou as linhas ou as figuras de luz fogem da atenção. O negro é tão
absoluto, tão profundo, tão infinito que o olhar avança por ele sem encontrar
um lugar onde possa deter-se. Mas, naquela noite, comecei a distinguir algo
dentro desse negro.»