
Soneto
Fecham-se os dedos donde corre a esperança,
Toldam-se os olhos donde corre a vida.
Porquê esperar, porquê, se não se alcança
Mais do que a angústia que nos é devida?
Antes aproveitar a nossa herança
De intenções e palavras proibidas.
Antes rirmos do anjo, cuja lança
Nos expulsa da terra prometida.
Antes sofrer a raiva e o sarcasmo,
Antes o olhar que peca, a mão que rouba,
O gesto que estrangula, a voz que grita.
Antes viver do que morrer no pasmo
Do nada que nos surge e nos devora,
Do monstro que inventámos e nos fita.
Fecham-se os dedos donde corre a esperança,
Toldam-se os olhos donde corre a vida.
Porquê esperar, porquê, se não se alcança
Mais do que a angústia que nos é devida?
Antes aproveitar a nossa herança
De intenções e palavras proibidas.
Antes rirmos do anjo, cuja lança
Nos expulsa da terra prometida.
Antes sofrer a raiva e o sarcasmo,
Antes o olhar que peca, a mão que rouba,
O gesto que estrangula, a voz que grita.
Antes viver do que morrer no pasmo
Do nada que nos surge e nos devora,
Do monstro que inventámos e nos fita.
João Carlos Ary dos Santos




![[90896_67.jpg]](http://1.bp.blogspot.com/_RKIlUUX_Tqg/S56-9sqmuiI/AAAAAAAADUY/pvi7M91Q7zQ/s1600/90896_67.jpg)
![[55712_95.jpg]](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAvpyTSiqokpXFdqbzfmPIlwu_tdK6xBXUFrTa8az3KAf4HO0laPvfLaZFgbI-VFvK5r3pZaaoU2Tvd6X8HM3AhNfRg3m5Q-4bffJ3AU95brPq-QUIpC2qqWnIwAS7A5hZR4nHM85oIGN1/s1600/55712_95.jpg)

![[51863_5.jpg]](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZciUpW9o5L1ahGvaPfqHztIRWNkZI3yhEOEcpv8HrhhSRaIwW-P9_pxxvthgoPf4WQt63EAkpljnisTIC7F759uDOQ4UQu4M29JQF-VSWY541QVpQvHHrfg4P9N3qssVX2-j3phIJzzJs/s1600/51863_5.jpg)