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Alguém que ama a vida e odeia as injustiças

04 maio, 2007

Gerações-

Paula Rego As Meninas
Ontem, corri para o mundo...

Hoje, vejo o mundo correr...


GERAÇÕES

Corpo magro e inquieto, cabelo revolto e espetado, membros finos e longos, olhos vivos mas despidos, boca cerrada. Movimenta-se ritmado em passos elásticos e bamboleantes, cruza o dia a dia numa semi-sonolência própria de quem não quer viver tudo, mas é tudo aquilo, que está a viver. Chama-se, António, Fred, Paul, Hans, afinal o jovem adolescente deste mundo global de identidades semelhantes e ideais partilhados.

Não gostam do instituído porque os maça. Não querem regras porque são incómodas e chatas. Não gostam da ordem porque os afoga. Criticam as gerações anteriores porque as acham ignorantes e incompetentes. Movem-se num mundo de coisas feitas ou adquiridas. Acham-se no direito de obter tudo o que desejam, porque, afinal a vida pertence-lhes e, os outros já viveram a sua cota parte. Odeiam o pré - estipulado porque vai contra o sentimento de procura, de aventura, de adrenalina, como dizem. Vivem na busca de sensações, sejam elas quais forem. O mundo é pequeno e circulam por ele de olhos abertos, e por vezes entediados, já que a avidez de conhecimentos circunscreve-se apenas a algumas e, esporádicas áreas.

Aviltam-se perante a norma mas recriam-se em relações humanas. São mais tolerantes, menos fechados, mais abertos aos seus pares. Não vivem na conflituosidade do parecer bem e desejar outra coisa. São frontais, excessivos, e minimamente humildes.

Incrédulos na sabedoria dos mais velhos definem-nos como ultrapassados, fechados à inovação, em suma obsoletos. Deles, esperam apenas o apoio, seja ele económico ou outro, desde que lhes proporcione o bem-estar.

A vida pertence-lhes. Não sonham em mudar o mundo, como outrora uma geração, a minha, chamada de sessenta, pretendeu e em alguma coisa o conseguiu, apesar de ter esvaziado esse sonho em algibeiras de poder e carteiras gratificantes. É o erro maior que se lhes aponta. Quem sonha não pode, não deve, ser engolido pelos interesses instalados nem muito menos acomodar-se num sofá fofo e florido de uma “vidinha” satisfeita.

Mas, foi a geração dos sonhadores desfeitos e acomodados que floriu nesta de rebentos vorazes e acres, pretendendo ser as árvores de um amanhã muito envolto em pseudo solidariedade mas que na realidade, não será senão um aceno aflorado de promessas.

Todavia e, porque as excepções sempre existiram embora casos, houve, que fizeram a regra, não sendo de todo o caso, coabitam jovens plenos de justiça, valor, conhecimento, solidariedade e carácter social e humano. Aqueles que sabem excluir o podre e caduco mas aproveitar o bom e sólido da geração que os pariu. Aqueles que desde cedo lutam por ideais sejam eles intelectuais, sociais ou simplesmente pessoais. Aqueles que sabem sorrir quando perdem e têm forças para lutar na adversidade. Esses, serão a força de um futuro, que se avizinha cada vez mais difícil e vazio de sentimentos.

Daqui a uns anos alguém, provavelmente, um cinquentenário, fará também uma pequena ou grande reflexão sobre o tema e, nessa altura certamente, as palavras serão mais graves, particularmente agudas ou ainda sofrivelmente esdrúxulas, de acordo com o estilo em vigor.

01 maio, 2007

Almada Negreiros

Ontem, corri para o mundo...
Hoje, vejo o mundo correr...
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30 abril, 2007

O Amor...



Ontem, corri para o mundo...
Hoje, vejo o mundo correr...






Por entre as chagas da vida

Que brotam da calma

De uma dor sentida.

É soluço cortado…

De um riso perdido,

Num lábio magoado,

Ou de um olhar ferido.

É chorar e rir dentro de nós,

Na esperança que chega,

Na vontade que cresce.

É quando a alma floresce

E a razão sossega

Aí, o amor, somos nós.

28 abril, 2007

A Lágrima.

Saiu ainda há pouco

Mas rola,

Desliza,

Pára,

Espraia-se

E…cai.

Logo, logo

Outra vem

Atrás.

Solidária,

Companheira.

.

Lágrima Chorada…

De dor, de pena,

De riso, de canto.

Gotas de vida,

Pedaços de ser,

Brilhos de luz

Que o homem tem.

Lágrimas de amor,

Flocos de sentimento

Perdido.

De esperança desejada

E sonhada.

De alma magoada,

Renascida.

Lágrimas de Criança,

Redondas,

Pérolas quentes

De riso

Flor orvalhada

De primavera.

Anéis de sol

Húmidos,

Esgares de dor,

Solidão,

Temor,

Horror

No dia, na noite

Da vida escoada

Em ventres e mentes

De ódio e fogo.

Lágrimas de Fuga

Ligeiras,

Perdidas,

Abandonadas,

Correndo livres

Pelo rosto,

Pela estrada

No interior do

Nosso mundo.

Lágrimas de solidão

Paradas,

Vazias,

Frias,

Esperando e esperando

Pelo ontem, o hoje, o amanhã.

Lágrimas do mundo

Do acaso,

Da vida,

Da fome,

Da guerra,

Rolando lentas,

Exangues,

Pelo rosto da vida.

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Ontem, corri para o mundo...
Hoje, vejo o mundo correr...
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26 abril, 2007

Rio Jordão...


Ontem, corri para o mundo...
Hoje, vejo o mundo correr...
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Água...

Água.. líquido macio,
Do ventre ignoto ,
Abrindo ao vento,
O suspiro da vida
Água....
Da nascente ténue
Mas logo cristalina
Água que,
Salta para o leito
De sulco aberto e,
Abre-se
Para o calor
Da vida criada.
Água pura....
Livre, revolta , salgada
Lágrima ardente
Da alma chorada,
Da vida esperada...
Em vão...
Água...
De vidas apagadas,
De sonhos transpirados
Em pérolas de suor
Partidas,
Gotas fecundas
De amor,
Penetrando no útero
Maduro e húmido
Da mulher, da mãe
Da TERRA.

25 abril, 2007

Matisse, Bonheur de v ivre.


Ontem, corri para o mundo...
Hoje, vejo o mundo correr...
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