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Alguém que ama a vida e odeia as injustiças

29 dezembro, 2007

"Os anos ensinam muitas coisas que os dias desconhecem."
(Autor desconhecido)





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27 dezembro, 2007

Sarah Brightman - Time to Say Goodbye feat. Andrea Bocelli

Faz precisamente, hoje, um ano, que iniciei este pequeno canto azul. A todos vós que por aqui passaram,deixo o meu sincero obrigada. Que o novo ano seja benemérito em saúde, paz, amor e boa vontade. Eis os meus votos para vós meus amigos.
Feliz 2008!

20 dezembro, 2007

. Desejo-vos um Feliz Natal.


Natal

Na memória dos tempos ignotos,

Esconde-se a amarga verdade dos dias.

A crua luz dos sentidos escondidos,

Da indiferença mascarada.

No amor criado de um breve dia,

Onde são penduradas as imagens felizes

De uns tantos, porém outros mais,

Jazem descalços, feridos, tiritados

Nas ruas geladas de portas fechadas.

Esquecidos, será? Não! Talvez! Sim!

Apenas arrumados nos esconsos e frios cantos,

Dos túneis acasos de paredes côncavas

Convexos os olhares deitados na míngua

Dos passos fugidios,

Em corrida para a fátua chama de um momento.

Dorme a Fé, Soa o Cântico,

Algures na Boa Vontade entre os Homens,

A lembrança fugaz acena e despede-se rápida

No aceno aflorado de um olhar,

Que perpassa, a memória do sentir.

A luz findou, o frio já chegou.

O Natal é ali, mais além…

Onde a Gente vive também.


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14 dezembro, 2007



Um Presente de Natal

Agachada em novelo triste de cor de inverno, Miquinhas, corta as couves verdes e viçosas. As mãos vermelhas de frio, gretadas de trabalho e quentes em afagos, deslizam pelo caule até se quedarem mesmo em baixo junto á terra gelada que veste as raízes. A tarde caiu já. O cinzento encolhido de luz envolve o ar, qual casaco puído que tapa mas não aconchega, a geada já se faz sentir nos ossos, nas faces e nos lábios, estremecendo as carnes no tiritar do movimento, para cima para baixo, no cortar das couves para a ceia. Foram estremecidas desde que plantadas lá pelos finais de Setembro, regadas, cuidadas, mondadas. Estão altivas, verdes e tronchudas, esperam pelo calor da panela que as tornará macias e ainda mais verdes, verdes não, mais brilhantes.

Miquinhas, levanta o rosto fresco de setenta e tal invernos, os cabelos cinzentos dançam no ar gélido do fim de tarde, um arabesco de anos e vida, os olhos negros, doces e líquidos olham ainda o amanhã com vigor, o corpo é robusto mas ágil, forte de seis maternidades, seco de trabalhos, lesto de gestos. As botas de borracha amortecem-lhe os passos, estufando-se na terra macia do rego das couves. A sua horta, a menina dos seus desvelos. Levanta o avental de riscado azul em viés, coloca as suas flores-couves no antebraço, e com a outra mão livre ajeita os cabelos que lhe enevoam a vista. Olha em redor, a terra já puxa o cobertor da noite. Em breve as estrelas darão a luz para os passos de quem procura o caminho Assobia o vento no gelar do ar, Miquinhas aperta mais o seu ramo de couves e segue em frente até à luz quente que bruxuleia da janela, laranja-amarela a dançar com chispas vermelhas que se desfazem no ar. É a sua lareira que crepita no ventre da cozinha, aquecendo-a. Não é a luz amarela parada do candeeiro, não, é o lume vivo, da lenha, que arde lá dentro. Estuga o passo, apetece-lhe o calor, que pressente, ao corpo gelado.

Abre a porta despedindo-se do gelo, descalça as botas, enfia os pés vestidos de meias de lã nos chinelos e poisa o seu ramo na banca. Olha o lume, precisa de ser espevitado e de mais umas achas. Acende a luz. A escuridão despe-se. Olha em redor, está tudo nos conformes, a sua gente deve estar a chegar. Já são seis e meia, mais umas horinhas e a casa começará a viver. Hoje é dia de consoar. Todo o ano á espera, todo o santo ano! E agora a minutos de vê-los de novo sente-se triste, muito. Não sabe explicar. Talvez a lembrança dos ausentes, do seu Manel, da sua Alice…talvez …

A alma dos que partiram senta-se à mesa do seu coração. Sente-os, hoje mais, ainda. A mesa que o serve transborda de saudade, de dor de ausência, de pena carpida mas escondida no sorriso de vida de cada dia. Há que aligeirar o sentir no crescer do tempo. Há que sorrir na dobra de cada ruga nascida, há que amar o resto do tempo esperado. Suspira, e uma lágrima redonda, translúcida de amor recordado, rola macia no rosto morno de mulher-saudade. Sem saber bem como, outra lágrima junta-se à primeira e depois outra e mais outra. Um chorar de recordar, um pranto manso de amor perdido no tempo. Logo hoje, o dia de todos os dias, o estremecer do seu sentir torna-a assim de frágil. Abana a cabeça de fios de prata, as lágrimas redondas de saudade e puras de sentir tornam-se pequenos sulcos brilhantes de luz. Miquinhas sente um arrepio percorrer-lhe o corpo. Coloca a capa sobre os ombros, entrelaça os dedos gastos em prece, gesto mais de oferenda do que de súplica e sorri para o alto, como se enviasse um beijo àqueles outros que também presidem à mesa do seu coração nesta ceia de amor sentido.

Ouve o buzinar dos carros, as portas que batem depois o tilintar do badalo, o anúncio da vida que vibra do outro lado. Ajeita um sorriso, esfrega os olhos, humedece os lábios, alonga os dedos pela prata da cabeça, cruza a capa sobre o peito e deita a mão à maçaneta da porta. Ali mesmo, a da cozinha.

-Mãe, Avó, Mãe….está boa! Há um ano…Dê-me outro beijo. Ai que quentinho!

-Entrem entrem. Filho! Isabel! Ah os meninos que grandes!

-Ó Vó, já tenho dez anos!

- A tua irmã, meu filho? Diz Miquinhas, dirigindo-se a João.

-Deve estar a chegar…olhe é ela…

-Amélia, minha filha! Já não te via, sei lá, até já perdi o conto. Tás tão magrinha. Vens sozinha, ainda?

-Oh Mãe! Tá boa? Sempre a mesma. Sim, estou sozinha. A mãe está na mesma.

Deitadas as saudações, os abraços, beijos e sorrisos, a família reúne-se à volta do lume. O frio enrola lá fora. A geada cai segura na noite estrelada. Cheira a doce de Amor-Natal. É uma massa de afectos da alma batidos no açúcar do coração. E eles são tão fofos por esta altura. Depois endurecem com o tempo, é o ar, o deixar rolar pelos pratos esquecidos do sem tempo do dia-a-dia. Mas nesta noite está tudo morno de ternura e fofo de alma. É noite de todas as noites, sempre o pensou e sentiu a Miquinhas. Já desde bem ganapinha que a Consoada era sentida de mágica e calor. O tempo correu, os invernos da vida arrefeceram, mas o calor da noite, deste dia, ficou sempre latente, tal como as brasas da lareira que são espevitadas para não apagarem. Estão já sentados à mesa vestida de linho alvo que esconde o carvalho grosso já roído dos tempos. As travessas deslizam por entre as mãos. O bacalhau senta-se nos pratos de braço dado com as batatas, as cebolinhas, as meias de ovos e as couves. Oh, as couves que brilham verdes, húmidas, apetitosas, quentes, escorridas e chamam pela vontade de cear. É noite de consoada, imemorável de tempo aquecido e semeado entre as vontades dos Homens na Terra e dos Anjos no Céu. Daqueles que partiram mas que sentam nos corações dos entes queridos por entre o calor e o mel vertido de uma breve noite de Boa Vontade. Somos assim, por isso somos tão humanos nos nossos dias de horas sentidas. Bruxuleia a chama do Amor na mesa de pratos cheios e faces felizes. Entre o bacalhau com couves macias, o arroz doce, aletria e filhós, o Amor vestiu o casaco e sentou-se à mesa bem quentinho e rosou as faces, deu brilho á luz dos olhos, doçura às palavras e sobretudo Boa Vontade.

Voa o tempo, nas asas da alegria, desta noite embalada pelo doce vinho rubro, doirado de lágrima espessa. Em breve chega a meia-noite, a hora mágica dos mais pequeninos e porque não, dos maiores também. Junto do presépio de musgo verde pontilhado de caruma e trevo, onde na sua cabana o menino Eterno olha o mundo que acorda para um novo Amanhã ora de Luz ora de Trevas, perfilam-se as prendas de laços voluptuosos e papéis garridos. João entrega a cada um o seu presente. Lembranças de mais uma noite. Miquinhas recebe o seu quinhão. Fica assim de queda e sem jeito

-Oh, tanta coisa!

- Ora Mãe é só um casaco que estava a precisar, mais umas pantufas para ter sempre os pés quentinhos.

- Obrigada, meus filhos, mas não precisava de nada. Estou tão feliz de estarem aqui. E leva a mão ao peito.

-Ó vó já viu?! Ganhei dois livros e um jogo, o que eu queria.

- Eu tenho as Princesas, olha, olha Vó, exclama a mais pequena.

Miquinhas levanta-se e caminha em direcção ao seu João e á sua Amélia, junta-os. Dá-lhes as mãos, depois solta-se ela. Dirige-se ao armário da cozinha. De lá tira uma travessa, branca, usada, mas perene. Cruza o espaço que os separa. Pára em frente, estende-lhes a travessa e diz-lhes:

- Meus filhos, o meu presente.

Ambos olham de forma interrogativa, mas ela diz-lhes simplesmente.

-É a minha travessa do Amor, está cheia, de Saudades do vosso Pai e da vossa irmã, de Doçuras da vida, de algumas Tristezas, de Solidão, de Desejos, de Boa Vontade, de muita Esperança, de Fé, de Sorrisos, de Sonhos, de Vida e de muito, muito Amor. É vossa. Guardem-na e passem-na aos vossos filhos. É tudo o que tenho. Desculpem.

Lá no alto, no azul estrelado, creio que uma estrela sorriu Feliz e entoou:

Noite Feliz!


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11 dezembro, 2007

Enya - Natal 2006 - Amarantine Special Christmas Edition


Poema de Natal

Vinicius de Moraes


Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas

Nascemos, imensamente.



04 dezembro, 2007

"A Essência do Ser "escolheu aArtmus para mais um desafio. Escrever dez frases que me caracterizem.Não é fácil ,porque as palavras são, por estas bandas, o meu rosto, a minha pessoa. Pois então, continuemos com elas ,e aqui vão.

1- Senhora de humores merencóricos a par de genialidades coléricas.
2-Pouco amante da piada fácil e devota do bom e subtil humor.
3- Impaciente com os subterfúgios tolos e descartáveis.
4-Crente que ainda um dia seremos mais Humanos
5- Dorida perante a cupidez e egoísmo grassante.
6-Amante incondicional do belo e da harmonia.

7- Egoísta q.b. no que respeita o seu Eu.
8- Ainda suficientemente crédula no seu Próximo.
9-Ordenada, e de cabeça arrumada.
10- Essência de uma vida.

É de bom tom passar o desafio,assim o faço ,a quem ,o desejar continuar. Um obrigada, pois.