É verdade que foi gerado contra a carne na latência do tempo. Contra a carne temerosa dos dias, do medo. Gerou-se na esquina do desejo do amanhã, gerou-se nas entranhas dos corpos e no interstícios límpidos da alma ,gerou-se nas vontades, nos desejos, nos almejos e no rolar de um ano putrefacto de suspiros , ais e temores.
Foi parido naquele átimo de segundo entre o último badalar de 31 e o estrebuchar de 1. O vagido soou temporal, concreto e carnal. A carne e o tempo do mundo que o poema fez surgir.
2021 é o novo poema. Um poema aberto sem rima. Para quê rimar quando o mundo se cruza e interpola em vagas de doença, em balões de oxigénio, em rostos de fome seja de alimento, seja de esperança. Deixá-lo aberto, livre e sonhador. Deixá-lo sorrir na madrugada desta amanhã que ainda se entreabre.
Há no vagido deste ano- poema o vento alísio que retempera a carne sob a folhagem fresca das palavras e dos atos. Há no poema de cada ano a esperança de cada dia, há neste ano-poema a força , o desejo e o alento da Humanidade.
Assim seja!
Chaves 3 de janeiro 2021
Nenhum comentário:
Postar um comentário