A arte da corrupção
Há quem seja artista e ame as
artes na verdade dos seus actos trabalhados: O acrobata, o mimo ou o mágico,
entre tantos outros. São artistas que dão o seu melhor, que suam os dias na
busca de um lugar ao sol ou simplesmente na esperança da vã glória. Mas, são os
verdadeiros, pobres e perseguidores dos seus sonhos.
Há quem seja comum e lute também
por cada dia do seu tempo. A luta destes, a dos homens sem proscénio, a quem foi
apenas dado o caminho torcido que dá pelo nome de Vida, porque são despidos de
arte, mas, não de coração. Os homens da vida de todos os dias. Eu, tu, ele, nós, os que vamos escavando o amanhã.
Nem só de trabalho vive o homem,
assim existem os dias de divertimento, aqueles onde todos, ou quase todos podem
subir ao carrossel, andar no carrinho de choques ou na roda gigante. São
os dias de feira. As feiras da vida.
Nas feiras existe gente, gente
comum, a gente dos dias, da vida bem como a dos artistas verdadeiros. Existem,
também, aqueloutros que invariavelmente sobem dos seus palcos ardilosos para o
carrossel do divertimento que os recolhe em cada paragem. Assim misturados
ninguém os distingue. As voltas sucedem-se ao ritmo do entretenimento, ao ritmo
da vida, do feérico. O esgar de sorriso, nas suas máscaras compostas de
bonomia, é evidente. Creem-se impunes e imunes. A vitoria torna-se a amante
lasciva, que tudo exige na volúpia de uma posse material.
Actuam esconsos entre penumbras,
ridicularizam-se nos carrosséis dos dias, na prodigalidade dos títulos e na
conspicuidade dos lugares. Calam-se estes artistas, porque o enredo é de apenas
umas linhas que não possuem lexemas. São não frases. São somente tilintares
mudos de papel, que se escondem, distribuem aqui e ali na mudez de
consciências.
O mundo muda. O homem muda, a
arte muda.
Serão estes,os homens de uma arte
nova?
Maria Teresa
Soares
Nenhum comentário:
Postar um comentário