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04 fevereiro, 2018

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A arte da corrupção
Há quem seja artista e ame as artes na verdade dos seus actos trabalhados: O acrobata, o mimo ou o mágico, entre tantos outros. São artistas que dão o seu melhor, que suam os dias na busca de um lugar ao sol ou simplesmente na esperança da vã glória. Mas, são os verdadeiros, pobres e perseguidores dos seus sonhos.
Há quem seja comum e lute também por cada dia do seu tempo. A luta destes, a dos homens sem proscénio, a quem foi apenas dado o caminho torcido que dá pelo nome de Vida, porque são despidos de arte, mas, não de coração. Os homens da vida de todos os dias. Eu, tu, ele, nós, os que vamos escavando o amanhã.
Nem só de trabalho vive o homem, assim existem os dias de divertimento, aqueles onde todos, ou quase todos podem subir ao carrossel, andar no carrinho de choques ou  na roda gigante. São os dias de feira. As feiras da vida.
Nas feiras existe gente, gente comum, a gente dos dias, da vida bem como a  dos artistas verdadeiros. Existem, também, aqueloutros que invariavelmente sobem dos seus palcos ardilosos para o carrossel do divertimento que os recolhe em cada paragem. Assim misturados ninguém os distingue. As voltas sucedem-se ao ritmo do entretenimento, ao ritmo da vida, do feérico. O esgar de sorriso, nas suas máscaras compostas de bonomia, é evidente. Creem-se impunes e imunes. A vitoria torna-se a amante lasciva, que tudo exige na volúpia de uma posse material.
Actuam esconsos entre penumbras, ridicularizam-se nos carrosséis dos dias, na prodigalidade dos títulos e na conspicuidade dos lugares. Calam-se estes artistas, porque o enredo é de apenas umas linhas que não possuem lexemas. São não frases. São somente tilintares mudos de papel, que se escondem, distribuem aqui e ali na mudez de consciências.
O mundo muda. O homem muda, a arte muda.
Serão estes,os homens de uma arte nova?
Maria Teresa Soares

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