Mulher
Mulher não é menina nem moça,
mulher é gente vergada na liça da vida, é gente de mãos doridas que lava o
rosto do futuro, é gente que engole a dor porque o amanhã é matriz do seu
ventre, é gente que sorri quando a alma dói, é gente que chora quando o coração
estilhaça é gente que cria, esquecendo-se, é gente que se ultrapassa porque se
revive em cada dádiva.
Mulher não é mito de carne nem
boneca vazia. A essas chamam-se bonecas de carne. As outras, as mulheres do
mundo, são a gente de todos os dias. Aquelas que não têm retratos, nem
entrevistas, aquelas que não são faladas, mas são lembradas. São as mães, são
as mulheres dos homens ocupados ou desleixados, são as profissionais estranguladas
em mil ofícios. Mulher é o cansaço de todos os dias derretido sob o sorriso
feliz do filho. Mulher é a luta marcada pelo lugar que o mundo lhe negou.
Mulher é o direito de Ser.
Mulher é o útero do mundo
vomitado na dor altiva do amor. Mulher é a luta do passado, do hoje e do
amanhã. Mulher é pedaço de pão levedado em formas caprichadas, tostadas ou
esbranquiçadas, mas eternamente saborosas, o alimento do mundo. E, se outras as
bocas se abrem famintas, ávidas no desejo eterno da fruição, sorrindo são
saciadas.
Mulher é quem estende a mão,
veste o corpo e acaricia o rosto. Mulher é quem nua de desejo dobra a alma na
cama da vida, mulher é e será o odre da vida hoje e sempre, meus amigos.
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