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Alguém que ama a vida e odeia as injustiças

25 outubro, 2015

Oa anos da Vida.

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Nos encontramos em um momento no qual nos permitimos crescer e curar aquelas feridas e questões que haviam ficado sem resolver na primeira metade da nossa vida.
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Quantos anos tenho?
Tenho a idade em que as coisas são vistas com mais calma, mas com o interesse de seguir crescendo.
Tenho os anos em que os sonhos começam a acariciar com os dedos e as ilusões se convertem em esperança.
Tenho os anos em que o amor, às vezes, é uma chama intensa, ansiosa por consumir-se no fogo de uma paixão desejada.
E outras vezes é uma ressaca de paz, como o entardecer em uma praia.
Quantos anos tenho?
Não preciso de um número para marcar, pois meus anseios alcançados, as lágrimas que derramei pelo caminho ao ver minhas ilusões despedaçadas…
Valem muito mais que isso
O que importa se faço vinte, quarenta ou sessenta?!
O que importa é a idade que sinto.
Tenho os anos que necessito para viver livre e sem medos.
Para seguir sem temor pela trilha, pois levo comigo a experiência adquirida e a força de meus anseios.
Quantos anos tenho? Isso a quem importa?
Tenho os anos necessários para perder o medo e fazer o que quero e o que sinto.
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José Saramago
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O poema

As árvores têm o nome de árvores
e a pedra é pedra. Mas a mulher é árvore
e no pátio um sopro: uma lagartixa sem nome.
A mão desliza nos caminhos minúsculos.
A caneta escreve com a saliva das lâmpadas.
Alegria do sono numa virilha obscura.
Alguém escreve na erva e a erva é a sua camisa.
Tudo se traduz: músculos, nervos, papeis.
Come-se a epiderme frágil de um fantasma.
Quem ouve agora a voz cheia de areia?
As palavras agitam-se entre silhuetas esguias.
Dedos acariciam pedras e folhas, ventres.
Fibras e tendões produzem suor e tinta.
O alento das árvores invade os pequenos vocábulos.
Sem língua e sem dedos o poema caminha
num verde corredor para um arbusto de água. 


António Ramos Rosa