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Alguém que ama a vida e odeia as injustiças

03 novembro, 2007





A noite na Ilha

Dormi contigo a noite inteira junto do mar, na ilha.
Selvagem e doce eras entre o prazer e o sono,
entre o fogo e a água.
Talvez bem tarde nossos
sonos se uniram na altura e no fundo,
em cima como ramos que um mesmo vento move,
embaixo como raízes vermelhas que se tocam.
Talvez teu sono se separou do meu e pelo mar escuro
me procurava como antes, quando nem existias,
quando sem te enxergar naveguei a teu lado
e teus olhos buscavam o que agora - pão,
vinho, amor e cólera - te dou, cheias as mãos,
porque tu és a taça que só esperava
os dons da minha vida.
Dormi junto contigo a noite inteira,
enquanto a escura terra gira com vivos e com mortos,
de repente desperto e no meio da sombra meu braço
rodeava tua cintura.
Nem a noite nem o sonho puderam separar-nos.
Dormi contigo, amor, despertei, e tua boca
saída de teu sono me deu o sabor da terra,
de água-marinha, de algas, de tua íntima vida,
e recebi teu beijo molhado pela aurora
como se me chegasse do mar que nos rodeia.

Pablo Neruda

20 comentários:

Mário Margaride disse...

Belíssimo este poema de Neruda!

Um poeta, que canta o amor como ninguém.
Que seria de nós sem o amor, nada!

Bom fim de semana

Beijinhos

Gi disse...

E como ele diz bem o amor.
Dormir e despertar assim , haverá coisa melhor?

Um beijo doce para ti.

addiragram disse...

Os grandes poemas de amor são todos
Nossos. Um beijinho

Shelyak disse...

Até nos sentimos todos kuxi kuxi ao ler tal poema...Neruda...sempre lindo...
Abraxinho para ti:)

teresa g. disse...

:) A noite na ilha e este céu parecem ajustar-se perfeitamente!

gabriela rocha martins disse...

é ler
ler
e
reler

em absoluto!

um beijo.

Maria P. disse...

Belíssimo!

Beijinho*

Andreia disse...

Tão bonito!!

Beijinho*

un dress disse...

Dormi contigo, amor, despertei, e tua boca me deu à luz outra de mim...

tanta beleza no trilho das palavras de neruda, mateso!! :)



abraÇo de luZ...

Plum disse...

Um brinde a Neruda!***

Susana Miguel disse...

é bom regressar, mateso.
a música abraça e parece não existir aqui
a distância.

um abraço.

as velas ardem ate ao fim disse...

Amei!

bjinho

vida de vidro disse...

Neruda cantou o amor como poucos. Quase cósmico, neste poema! Belo. **

Abssinto disse...

Träume...

Gasolina disse...

As mãos cheias de coisas simples, mas tão sentidas.

Beijinhos

gabriela rocha martins disse...

atão ,Miga!

mecêa dê semice? permonde?


bêjes

C Valente disse...

Lindas imagens, Neruda não estou á altura
Saudações amigas

Gabriela Rocha Martins disse...

Miga!
a resposta ficou lá da 'nha tenda

tome uma molhada de bêjes acabadinhes de apanhare .até tã melhades ,má nã é da chuva ... é da cacimba .ehehehehehehe

carteiro disse...

Que dizer quando as palavras que ali estão são exactamente as que são precisas? :)
bonito momento.

Mateso disse...

Pablo Neruda e um dos "meus queridos poetas" .Lê-lo é um prazer indiscritível.

Beijinhos.