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Alguém que ama a vida e odeia as injustiças

05 março, 2013

 
"SÊ"
Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso...
Mas sê o melhor no que quer que sejas
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06 fevereiro, 2013

Há quem diga...

Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância.
O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado.
(Sonho de uma Noite de Verão)

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21 janeiro, 2013


A grandeza do homem consiste na sua decisão de ser mais forte que a condição humana.
Albert Camus
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14 janeiro, 2013

06 janeiro, 2013

19 dezembro, 2012

Será Natal?



Será Natal?

No Natal escrevem-se palavras doces. Dizem porque é Natal. No Natal o que é doce crepita e o acre, o amargo, o doloroso arde. É a diferença entre ter e não ter, entre ser e não ser. Porque é Natal.
António mora na rua dos sonhos vazios. Algures na abóbada da escuridão e na luz das estrelas em noites limpas. Mora lá porque não tem casa. Mora porque não tem emprego nem família. Um estado de vida de um país vazio de dias limpos.
Maria não mora na rua porque tem uma cama num quarto aguado de nada. Levanta-se logo que a tinta do dia pincela a noite, veste a roupa coçada, molha a cara na água gelada bebendo as primeiras gotas que por sinal é também o primeiro alimento do dia. Depois desce à rua para palmilhar um quarto da cidade. Bolsos vazios, rosto fechado porque não moram mais sonhos dentro da alma.
Luís é velho. Velho de anos e de tudo. Vive onde calha. Vive por viver. Não tem porque não há nada para ter. Luís não chora porque é homem, é velho e não tem lágrimas. Secaram. Luís tem trabalho mas não tem dinheiro. Vive do que lhe dão. Dizem que é a solidariedade. Dizem.
Joana é criança. São dez anos. Olhos fugidios que escondem o ardor da barriga vazia mais o tremor do corpo melado de suor de fome. É segunda de madrugada. Ainda faltam horas para a escola. Horas para o pão mais o leite da manhã. O fim-de-semana é longo numa casa onde apenas corre o vento do desalento. Infância roubada.
Rita trinta anos. Dois cursos. Nenhum trabalho. Vive na casa que a viu crescer entre o pai e a mãe que comem a sopa aguada e fazem as reformas curtas, crescer. Rita acredita que o futuro vem a caminho. Não viu que o amanhã parou numa Europa para lá dos Pirenéus.
José, o mais português de todos, perdeu o que afinal nunca chegou a ter porque nunca o chegou a pagar. Não teve tempo. O tempo atraiçoou-o. Desliza na fila do centro de emprego na vã busca de uma ocupação. Nada. O nada de ontem, de anteontem, de hoje, de amanhã e depois e depois, somam-se impiedosos ao tempo vazio que é o seu presente.
Gente que habita o meu mundo. O teu, o nosso mundo. Não o deles. Gente tolhida entre um passado breve, um presente vazio e um futuro que não virá. Gente do meu pais, gente que amo, porque sou eu, tu, ele, ela, nós. Somos todos. Somos gente. Não somos estatísticas, decretos, falácias ou peças de oratória. Nos nossos estômagos não moram as palavras, coabitam sim, os sucos que os fazem roncar de tanta fome.
Natal de brilhos, árvores, presentes, sorrisos e calor. Onde pára? Perdeu-se também?
 E as gentes passam, passos breves em calçadas puídas de desejos. E as gentes mal sorriem porque não há nada para sorrir. E as gentes suspiram não pelo frio nem pela chuva mas pela dor, pelo engano, pelo desalento, pela fome e pela amargura a que as sujeitaram. Um povo quase violado.
Amanhã será Natal. Dizem. Será mesmo?

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