. .Setembro e as lágrimas de verão
Setembro, dizem uns, é o
mês da despedida, outros afirmam ser o da chegada. Em permeio ficam os dias. Acordam
com lágrimas de neblina e deitam-se enrolados em manta de seda azul rota de
estrelas. Há nas horas um não sei quê de espera macia, um rolar de tons vivos,
um sussurro do vento que parte, um brincar de desencontros que borbulham nos
sentidos. É Setembro. O principio do que vai chegar, e o fim do que está de
partida. Setembro é a natureza suspirada. Setembro é o istmo entre o ouro e a
púrpura.
Setembro traz no útero a
bruma do amanhã. Germina-a. Humedece e deixa cair as lágrimas purpúreas,
amarelas e verdes tristes. Tapetes de despedida pisados no vai e vem das horas.
Setembro despe-se. Na sua
incipiente nudez há ainda a timidez virginal do tempo de solidão, a inocência
do despojo. Setembro é mulher. Caprichosa e despojada.
Setembro é lágrima de
verão em prece de Outono
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