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08 dezembro, 2015

Poema de Natal
Vinicius de Moraes

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.

. .

3 comentários:

  1. Gosto imenso deste poema de Natal do Vinícius.
    Mateso, continuação de boa semana.
    Um abraço.

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  2. Estamos sempre a desnascer

    até nas palavras vivas

    Bjs

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  3. ~~~
    Das composições mais belas

    do original poemário de Vinicius.

    Uma Quadra Natalícia muito amorosa e feliz.

    ~~~ Abraço amigo. ~~~
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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