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17 abril, 2014

Degraus de Abril

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Degraus de Abril.

É tempo de ressurreição! Dizem, porque é Páscoa. Conta-se porque é tempo de liberdade.
Os dias têm sol e calor. Na terra brotam  os gomos, abrolha a vida. Renasce como em cada Abril. Em 2014 a Páscoa sentou-se num degrau do mês e cinco degraus mais abaixo curva-se o Vinte e Cinco.
Dizem que é tempo de ressurreição.
A cruz dos tempos aponta para o alto a mágoa dos dias. A esqualidez do estômago, a revolta do ser, a míngua do nada. O ter que foi e haver sem h fazem a paixão destes dias. Paixão desventrada não em corpos exangues mas em vidas sacrificadas. É tempo de paixão. Erguem-se os punhos em ato de súplica, erguem-se as vozes em ritos de revolta. É tempo de Paixão. É tempo do Homem.
-“Eloi, Eloi, Eloi, lemà sabactani?” Houve grito ou murmúrio? Houve revolta ou aceitação? Houve, sim, houve história no tempo das almas. Ontem foi tempo de Crucificação, hoje é de Ressurreição.
Quem nos abandonou? Dizem que foi o Pai. O Pai abandonou o Filho. E a nós quem nos perdeu? Tempo de Crucificação, Tempo de Ressurreição. Tempo de Paixão.
Paixão da nossa morte anunciada, paixão de um povo agrilhoado na fome da decadência Paixão qual látego sulcando o dorso da esperança. Ricochete de sonho vomitado em degraus de Abril, logo abaixo da Ressurreição.
Abril sem Renascer, apenas Abril de Memória. Quase vazio, quase impercetível.
Tempo prometido e abandonado. Tempo de nós. Hoje o tempo não é humano é do dinheiro qual Judas em trinta moedas. Eis a nossa Ressurreição.
-“Eloi, Eloi, Eloi, lemà sabactani? Perguntou ao Pai
E Abril, de ontem, de um dia, virá, respondeu o Povo

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