Grandes mistérios habitam
O limiar do meu ser,
O limiar onde hesitam
Grandes pássaros que fitam
Meu transpor tardo de os ver.
São aves cheias de abismo,
Como nos sonhos as há.
Hesito se sondo e cismo,
E à minha alma é cataclismo
O limiar onde está.
Então desperto do sonho
E sou alegre da luz,
Inda que em dia tristonho;
Porque o limiar é medonho
E todo passo é uma cruz.
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
O limiar do meu ser,
O limiar onde hesitam
Grandes pássaros que fitam
Meu transpor tardo de os ver.
São aves cheias de abismo,
Como nos sonhos as há.
Hesito se sondo e cismo,
E à minha alma é cataclismo
O limiar onde está.
Então desperto do sonho
E sou alegre da luz,
Inda que em dia tristonho;
Porque o limiar é medonho
E todo passo é uma cruz.
Fernando Pessoa, in "Cancioneiro"
os passos regados de silvas e pedras cortantes, ecoando a dor
ResponderExcluirFantástico Pessoa! Somos o que sonhamos... Ainda que todo passo, uma cruz.
ResponderExcluirUma beijoca na minha Mateso querida.
... Pessoa em alma!
ResponderExcluirQuerida amiga, finalmente pude agradecer-te em gesto o prémio com que abrilhantaste meu canto 'fragmentos da noite om flores'!
Um beijo muito fraterno
(mais uma vez me penitencio pelo tempo. Compromissos e saídas me afastaram de meu espaço)
Lindo e profundo o poema, como todas as palavras deste poeta maior...
ResponderExcluirUm abraço
Um prazer retornar a esse espaço.
ResponderExcluirExcelente memória
ResponderExcluirdo nosso sempre vivo Pessoa