Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.
Vinicius de Moraes
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5 comentários:
Mateso Azul, um dos meus poemas preferidos do mestre Vinicius!
Como gosto de passar por aqui!
Beijocas e aguarde telefonema!
A esperança. A sua concretização. Por vezes, o sentimento de insegurança no que segue
Belo
Não há morte nem princípio
Bj
as palavras de vinicius são sempre jovens, não importa os anos que passem e as vezes que as lemos... um beijinho.
explícita e ternamente,
incontornáveis e luz,
[ re( nascer,,,
~
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