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À prostituta mais nova,
do bairro mais velho e escuro,
deixo os meus brincos lavrados
em cristal, límpido e puro…
E àquela virgem esquecida
rapariga sem ternura,
sonhando algures uma lenda,
deixo o meu vestido branco,
o meu vestido de noiva,
todo tecido de renda…
Este meu rosário antigo,
ofereço-o àquele amigo
que não acredita em Deus…
E os livros, rosários meus
das contas de outro sofrer,
são para os homens humildes,
que nunca souberam ler.
Quanto aos meus poemas loucos,
esses, que são de dor
sincera e desordenada…
esses, que são de esperança,
desesperada mas firme,
deixo-os a ti, meu Amor…
Para que, na paz da hora,
em que a minha alma venha
beijar de longe os teus olhos,
vás por essa noite fora…
com passos feitos de lua,
oferecê-los às crianças
que encontrares em cada rua…
Lisboa, 1950
Alda Lara (Poemas – Obra Completa de Alda Lara, Editora Capricórnio, Lobito 1973)
excelente poema e excelente a tua escolha .pena que esta extraordinária Poeta" da lusofonia seja ainda não suficientemente conhecida em Portugal
ResponderExcluir- a escolha tem muito a ver contigo ,não tem?
vá ,confessa!
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um beijo
Este poema é muito belo e de cada vez que o leio ele é sempre diferente. Gosto imenso. Beijos e óptimo fim de semana.
ResponderExcluirEsse belo poema tangencia você na sensibilidade, humanidade, humildade... Caminhos de elevação a poucos possíveis. Desfocar do próprio ego... tarefa complicada para tantos!
ResponderExcluirUm beijo!
Não conhecia mas é lindissimo o poema.
ResponderExcluirBjo e boa semana!
Um poema que disse pela primeira vez aos 16 anos e acabei a dizê-lo na terra natal da autora.
ResponderExcluirFoi bom relembrar.
Boa noite.
lindo poema que desconhecia obrigada
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