Chegaram vindos não se sabe de onde. Carregados e coloridos como são as gentes que marcam presença.
As vozes altas ,acordaram os que na semi sonolência, descansavam das contas de um ano inteiro.
E eram a Zázá, o Beto, a tia Nônô, o Zé Luís, a Lecas e as crianças. Loiras, doiradas e faladoras…ao todo sete. Entre elas a Princesa.
Dois casais e uma avó-tia . Todos muito in. Chegaram tarde porque ninguém de bem põe os pés na praia cedo .Isso é muito classe média. Credo. E depois, o Beto tinha ido comprar sardinhas. Um feito. Em redor tudo soube.
E a avó-tia na sua voz aflautada contou. Contou as notícias fresquinhas da morte do barão de não sei quantos, os devaneios da miss X , mais os arroubos do Y mais, mais, … enfim um corolário de acontecimentos muito cheios de adjectivos mas terrivelmente pobres de substantivo.
As crianças, seis rapazes e uma princesa. Não que fosse aristocrática, mas parece moda agora ser-se princesa ou princeso, digo príncipe. Uma voga muito novo-riquismo. Mas dizia eu, que as crianças baloiçavam ente os oito anos e os catorze. Cinco de um casal e duas de outro. Rapidamente despiram-se e correram para o mar, os seis rapazes. A Princesa ficou sentada no areal sendo profusamente barrada de hidratante francês um…"CD pour jeunes filles" A mãe, a Zázá, na casa dos quarenta mas com uma plástica de trinta e picos conservadíssimos luzia-se num bikini giríssimo que lhe fazia sobressair a lisura do ventre, os seios pequenos e uma cintura de respeito mínimo. A avó-tia, sentada olhava a prole junto da água. Os seus sessenta e muitos anos cingidos num maillot castanho e branco faziam-na muito respeitosa. Os cabelos louros davam-lhe um ar juvenil acrescido da luminosidade da pele dourada. Lecas assim a chamavam.
A tia Nônô uns trinta anos muito jovens e esculturais, sem filhos, viria mais tarde a perceber, casara com o Zé Luís figura maciça de quarentão bem entradote a quem a barriga é indicativo de muito jantar bem regado e melhor comido.
O Beto, figura simpática. Calado, bem-parecido. Dá directrizes á assistente relativamente a ulteriores consultas e exames de pacientes O homem precisa de descanso pois que se irá dedicar a uma nova e pertinente tarefa. Oiçamos não esquecendo o tom nasalado das vogais, um certo flautear nas palavras que emprestam aquele sotaque tão "bem"da linha.
- Diga lá, Zázá conseguiu fazer o jantar?
-Ora Lecas, sabe…tinha uma massa que cozi e depois havia gambas no frigorífico. Foi só juntar. Sabe, os pequenos adoraram, adoraram mesmo e o Zé Luís comeu, um espanto.
-Então a querida fez uma massada… ah que bom…
-Deve ser isso… sabe.
O Beto que se entretivera a folhear as páginas de um matutino, entra na culinária.
-A mamã sabe, ontem fomos para a Comporta, e fiquei com o cheiro de sardinhas. Hum que apetite! Hoje levantei-me e fui às compras. Vou assar sardinhas.
-Oh querido, o menino sabe fazer isso?
-Mamã, eu não, mas vou tentar.
-Oh querido, eu não consigo acender o lume mas tirando isso é facílimo… digo-lhe.
O casal Zé Luís-Nonô que fora deambular pelo areal, ele, para mostrar o seu mais recente troféu anatómico, ela, para tonificar os seus glúteos, junta-se ao grupo de grelhadores-de-sardinhas.
-Beto, sempre vai assar sardinhas? Pergunta o Ze Luís
-Você sabe, não sabe?
-Não custa nada, é simples. Vou a sua casa e ensino-o a assar. Depois o seu barbecue fará o resto.
A Zázá que se entretivera a cuidar do bronze entra na liça.
-Queridos vai ser giríssimo. Tou a ver… uma sardinhada…com cheiro e tudo. Ó querido tão verdadeiro! Amanhã quando tiver com a Tequinhas e o Luca vou-lhes contar…vão morrer de inveja, vai ver.
Entretanto a avó-tia que permanecia sentada resolveu mudar de posição e veio ter com o Beto ,seguiu-se-lhe a Princesa que se pendurou nas costas do pai.
-Princesa, deixe o Beto não vê que está doentinho!
-Meu querido descanse, veja lá esse ombro, o menino trabalha muito. Já o seu pai era assim…
-Mas papá, tá memo doentinho? Dê um jinho à Princesa…
-Tá bem, querida, agora deixe o papá. Chame os rapazes. Que daqui a pouco vamos embora.
-Já? Mas poquê? Ainda não é tarde…
-Oh, princesa, não sabe que hoje é um dia especial. Pergunte ao tio Zé Luís o que o seu pai vai fazer… Uma sardinhada, com carvão e lume, tudo. Vai ver ,e vamos comer sardinhas…
-Mas eu detesto peixe e sardinhas, credo.
-Ó Pincesa, sardinha é muito portuguesa, muito saudável, não engorda, faz bem à saúde.
A Nônô que até então conservara um mutismo razoável inversamente proporcional á sua exposição física, sim, porque não se pode fazer bem, duas coisas em simultâneo, entrou finalmente na sardinhada.
-Sabe, Zé Luís, a minha nutricionista manda comer sardinha. Tem não sei que lípido, um tal mega 3 que é formidável para o coração.
-Ómega 3, querida -corrigiu o Zé Luís.
-Pois isso, credo. Mas tá a ver na tá ? Agora tudo come sardinha, e eu até acho que bem cozinhada tem um sabor tão portuguesinho, assim de típico. O máximo!
Os queridos e queridas arrumaram as coisitas e quase em fila indiana, porque nestas coisas á que marcar a diferença lá se foram em direcção talvez a alguma rica " casita" onde as sardinhas esperavam. Nestas coisas de comida e seguindo uma máxima tão ao gosto destes estereótipos "comer é o contrário de ter fome".
Bom Apetite.
Simplesmente: O Máximo!
ResponderExcluirAdorei, parabéns!
Bjos*
Mulher, o que me diverti a ler isto! Parabéns, e um bâijo, só um, senão não é chique, não sai se a menina tá bâim a ver... Valham-lhes as sardinhas, que, com tanto salamaleque, ainda fogem para sítio onde se possam esfregar à vontade em fatia de pão de mustura e beiço com travo a tinto, dignos desse nome. Beijo!
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ResponderExcluirEste texto está o máximo,adorei.
ResponderExcluirBom início de semana
Bjs Zita
Que maravilha de texto!
ResponderExcluirPosso comer umas sardinhitas?
Beijocas
Deliciosas estas sardinhas... Tão verdadeiras, tão povão. De todo! Mas ouça lá, a menina têm aqui um texto fantástico!
ResponderExcluirbeijo para ti
Que texto maravilhoso,divertido :) obrigada querida!um beijo grande
ResponderExcluira menina pessebe foi divinal esta sua narrativa o jójó tamnbem que comer sardinhas, mas detesta espinhas, tem de mandar a criada cozinhar essa coisa, de sardinhas e apresentar na mesa já sem espinhas que horrrrrrrrrrror.
ResponderExcluirBela narrativa,gostei o que dá vontade amandar com uma sardinha podre á cara dos Pseudónios da treta
saudações amigas
quida a menina é o máximo!!!!
ResponderExcluiradoguei ,adoguei ,adoguei .tão ,mas tão bem descguito .jugo ,mas jugo mesmo que adoguei
eheheheheheheheeheheheh
um beijo ( mas só um ) ,pecébe?!
( tou no ir asnear por aí )
EXCELENTE. A S�TIRA - A IRONIA
ResponderExcluirO CASAMENTO DA FIC��O COM A REALIDADE.
APARECE SEMPRE
BJS
Um pitoresco do que não se é na caricatura dos tiques e afectações, poses e quedas de pesdestal.
ResponderExcluirEle há gente que não sabe degustar, apenas encher.
Belo regresso! Cheio de colorido!
Beijinho, Mateso azul
Está fantastico.(Tirando a foto...não gosto de sardinhas...nem ve-las)
ResponderExcluirbjinhos
Bem, o que eu me ri a ler-te! Eu que gosto das sardinhas em cima do pão, assim na mão mesmo! :)**
ResponderExcluirSardinhas a esta hora...ui...bahhh)))))
ResponderExcluirBjs*
Querida amiga,
ResponderExcluirPasso, para comer mais um sardinhita.
E deixar-te um beijinho
Maria P,
ResponderExcluirObrigada.
Arion,
Ainda bem que suscita o riso... vá lá o ridiculo sempre foi apanágio disso...
Bj.
Entre linhas,
ResponderExcluirFico contente por teres gostado e um obrigada pela visita.
Bj.
não guesisti à tentação de vigue comegue mais uma sagdinha ,mas vou ficague com um pivete hoguível nas mãos e na goupa .a menina tem água de colónia paga depois eu passague um bocadinho ,tem? obigada .a menina é um amogue!
ResponderExcluirmontes de beijos paga si!
Mário Margaride,
ResponderExcluirServe-te á vontade pois que o tempo delas está a acabar.
Obrigada pelas palavras
Bj
CNS,
Pois é, o povão desceu á rua e falou...
Beijoca
Vertigo,
ResponderExcluirNão tens de quê. Serve-te, isto é lê.
Um beijo
CValaente,
Obrigada, mas divinal divinal só lá para os lados do Olimpo. Entretanto vamos ficando pelas bandas de cá com os nossos queridos Pseudónios...
Obrigada pelas palavras e um beijo
Gabriela Martins,
ResponderExcluirDois em um como o shampoo.! (resposta aos comentários) Certamente que a tia lhe arranja uma sardinha, querida. Depois o pivete, é o máximo, sabe nós é que marcamos a diferença. Eles, tadinhos fazem sempre aquilo que nós fazemos, mas sabe ,olhe prá não têm classe, por isso o cheiro a sardinha, nesta altura, é o máximo e depois a querida tamem devia de saber que tia que é tia não cheira, tem um odor corporal sempre a Givenchy, rica. Ai!ai! que tenho que lhe dar umas dicas... a pupósito já viu a última colecção do "chinho", o Luís (Buchinho), o máximo. Já escolhi. A querida tem que ir comigo...olhe prá semana eu ponho um trapito mais na montra...
Obrigada pelo riso franco , minha amiga.
Beijo
Mar Arável,
ResponderExcluirGrata pelas palavras.
Bj
Gasolina,
No pedestal de barro, minha querida?
Sim é onde muita boa peça se colaca e depois.. zás,catrapás...
O mundo da socialite... em azul...
Obrigada.
Um beijo
As velas ardem até ao fim,
ResponderExcluirPois a foto... lamento, mas elas são tão gostosas.. ehehe!
Uma beijoca
Vida de Vidro,
ResponderExcluirE eu.. e eu.. tão rural, querida!
Uma beijoca.
netmito,
Não tenho culpa das horas... eu cá como-as ao almoço.
Um beijo.
Mário Margaride,
Fazes bem... são gostosos e perdoa-me as de Sesimbra, são divinais. Não tenho nada contra as da Nazaré, Peniche ou Matosinhos... mas as de Sesimbre... ah!
Um beijo
ó tiáaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa!
ResponderExcluira menina continua o máximo .mas ó queguida eu não visto xinho coisa nenhuma .paga mim só Zé Manel Tenente .é que eu sempgue tive uma queda enogme paga fagdas .apesague de comigo só de genegal paga cima, aceito o tenentinho pogque ele é um quiduxo!!!!!
beijos tiáaaaaaaaaaaaaaaa ,see you later!
nem li bem isto tudo, envidraçados os olhos perante esta foto...
ResponderExcluirsabes...este ano não comi sardinhas :(
beijos
Giríssimo. Adorei o jogo de contrastes:)
ResponderExcluirbj
Sentei-me, servi-me e de pingo no pão reli-te.
ResponderExcluirAté do cheiro extraio palavras de memória.
No horizonte só Azul.
Um beijo, Querida Mateso azul.