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A Estrada da Esperança
Na espera de cada esperança nasce a vida. Uma vida, outra e outra, milhares, que naquele átimo de segundo se fazem, ingenuamente, à estrada da esperança.
Nas estradas da esperança deste mundo, há muito que se espera. Espera-se pelo amor, pela harmonia, pela paz e pela esperança em si. Não é em vão, que as palavras milenares “para aquele que está entre os vivos há esperança (Eclesiastes 9:4)” soe a estribilho, prece ou convicção. A esperança pertence ao comum dos mortais, a todos os seres que por um ou outro motivo sofrem. Não são só a dores da carne que solfejam sofrimento; as dores da alma são as claves de sol da sinfonia humana; as dores da mente, são as partituras inacabadas da humanidade e a junção destas três dores perfazem o Requiem mais lúgubre, mil vezes mais triste do que o Requiem de Mozart.
Não devia ser a esperança um Hino à Vida? Naturalmente que sim, todavia os Senhores deste Mundo, limitam-se a feri-la em todas as manhãs. Poder e Esperança é um binómio que não combina., assim o Poder, a ignomínia e mesquinhez enchem o cálice que alguém, ou antes, alguns bebem todos os dias. Uma espécie de alimento visceral, enquanto, a Esperança qual subtil latejar de consciência, apóstata de valores, alegoria bacoca de histórias pequenas das gentes simples, dos outros, daqueles que inocentemente vão enchendo os cálices de Poder aos Senhores do Mundo.
Em cada lado do mundo a esperança é murmurada. Fecham-se os olhos, apertam-se as mãos em conchas de preces dirigidas a Deus, Alá, Jeová em suma ao Divino. Na verdade, creio que estas excelsas criaturas dormem o sono dos justos, pois que só tamanha sonolência é passível de explicar, a ausência de resposta a tantas preces e lágrimas vertidas por este mundo.
Mas, a esperança está lá. Pertence á natureza humana. Pertence-lhe quando vê crianças doentes, feridas, mortas, pertence-lhe quando sofre ou conhece a violência. Pertence-lhe sempre que o mundo se torce em novelo de desgraça, ou rebenta em estilhaços de angústia. A esperança continua a pertencer-lhe quando luta por um lugar, não ao sol, mas na vida, pertence-lhe quando a doença recria a harmonia e o perdão perdidos, pertence-lhe quando a vagido brota imperioso, ou quando a lágrima sulca o rosto culpado, pertence-lhe ainda quando sonha. O mundo não cresce, como dizia o poeta, o mundo espera, espera e espera pelo dia em que a esperança se faça à estrada da vida. À vida de cada um de nós.
Afinal, e a nossa esperança de cada dia.
Maria Teresa Soares