Páginas

27 maio, 2013

22 maio, 2013

Sentires

Sentires

Rio, rio e rio porque choro,

Choro, choro e choro porque vivo

Em sentir de ti.

Rói-se o corpo nu

Rebobina-se o coração em latejar de alma despida,

E busca-se o sentido na vida,

Do tempo nosso passado- futuro,

 Em presente reinventado,

Cadeado de amanhãs por nascer.

Crime de alma em arco-íris de pensamento,

De ferruginosas chaves travado.

Mão estendida em rito excitado de vida,

O olhar escancarado em fome

De Ser.

-Ah, quisera sentir!

-Ah quisera que os meus dedos enrolassem 

Teus desejos perdidos,

E que meu sentir fosse cesto de bagos líquidos

Na caverna do teu Ter.

Ah como choro rindo num sentir não perdido.

De mim sem ti!
. .

10 maio, 2013

"Minha solidão não tem nada a ver com a presença ou ausência de pessoas… Detesto quem me rouba a solidão, sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia…"

Friedrich Nietzsche

. .

01 maio, 2013


O cavalo

Teus poros exalam o fumo
Do lar dos deuses de onde vieste.
Rompante de espuma e de lume
És sol quadrúpede ou mar equestre?



Desfilando derramas o ouro
Do teu rio inacabável,
Desmedido relâmpago louro
De um deus equídeo possante e frágil.

Tudo existiu para que fosses
No contraluz desta madrugada
Mitológica proporção perfeita
Em purpúrea bruma recortada.

Pois que te é divino mister
Humanos olhos extasiar
A dúvida é só perceber
Se vieste do sol ou do mar.



Natália Correia
Poesia Completa
Inéditos 1985/90
Publicações Dom Quixote
1999
. .