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Alguém que ama a vida e odeia as injustiças

12 junho, 2007

Árvores do Alentejo

Carlos de Bragança O sobreiro

Árvores do Alentejo



Horas mortas? Curvada aos pés do Monte
A planície é um brasido? e, torturadas,
As árvores sangrentas, revoltadas,
Gritam a Deus a bênção duma fonte!

E quando, manhã alta, o sol posponte
A oiro e giesta, a arder, pelas estradas,
Esfíngicas, recortam desgrenhadas
Os trágicos perfis no horizonte!

Árvores! Corações, almas que choram,
Almas iguais à minha, almas que imploram
Em vão remédio para tanta mágoa!

Árvores! Não choreis! Olhai e vede:
- Também ando a gritar, morta de sede,
pedindo a Deus a minha gota de água.


Florbela Espanca

11 junho, 2007

Casa Vazia

Dali Les trois sphinx de bikini

Casa Vazia….

Quando partem levam no olhar a ilusão de um amanhã… São muito jovens ainda “meninos de sua mãe”… mas partem, deixando para trás um vazio de frio. Um buraco roto de ternura perdida. Partem, porque têm que crescer, como se fosse obrigatório crescer fora. Foi dito quase imposto por alguém, algures num dia frio onde era necessário criar um artifício de forma, qual norma de verdade plangente.

E partem…são jovens, não sabem ainda que o amanhã não é parte do ninho quente onde despertaram. Não sabem e, não lhes foi contado que lá fora, o abrupto vive lado a lado com o plano, sucedendo em formas de emoções ignoradas. Não foi dito. Não podia ser dito a experiência de vida é pessoal, é mito, na fala dos outros.

E partem, na conquista do eu., no vislumbre do amor físico, na alternância da adolescência e maturidade quase entrelaçadas porque não sabem onde acabar e começar. Há confusão, lutas e por vezes caos pessoais. Mas vão crescendo, os meninos que partem. Há perdas e ganhos, há choros e risos, há lutas e devaneios. Há tanta coisa por contar que jamais será contada…

E depois, os meninos cresceram, ficaram iguais aos outros que o mundo já tinha, mas ficou sempre vazio o regaço de ternura, o quente do estar e o espaço da infância.

É a vida vazia de … uma casa.

08 junho, 2007

Verdi. Nabucco. Va pensiero

"Voa pensamento em asas de ouro"

Cortando os grilhões de amarras físicas,

Adoçando feridas de sangue,

Abrindo voos de esperança

Á Liberdade.

Das gentes, das vidas, dos sonhos.

No mundo preso de razões,

Frias e vazias de movimento,

Estanques em fragmentos de tempo

Perdido e nunca desejado.

Voa Pensamento…….

06 junho, 2007

Love Theme from Romeo and Juliet


"Whilt thou be gone? it is not yet near day:
It was the nightingale, and not the lark,
.....................................................................

Believe me, love it was the nightingale."

Juliet in Act III, scene V

05 junho, 2007

Modigliani

O Companheiro

Olho-o de soslaio, companheiro de vida, parte redonda do meu ser…

Está meio adormecido. A labuta do dia foi forte, como sempre. E os anos já vão contando, pese a ligeireza física.

Dormita, naquele soer de névoa doce. Olho-o. De frente. Vejo os traços outrora mais leves, gravados pela vida … em linhas rectas inexplicáveis de cansaço.

Recordo-me, do dia, já longe, que o conheci. Tinha sorriso aberto perpassado de ingenuidade e alegria do amanhã. Era jovem. Era forte.

Demos as mãos, naquele dia, e fugimos mundo adentro, ignorantes da estrada que o destino nos reservava. Foi


dura. Mas, as mãos que muitas vezes se largaram, também outras se uniram, e fomos saltando os troços.

Vejo-o…

As cãs estão lá. Dão-lhe um ar de pessoa respeitável, de pessoa crescida, vivida e dorida. Alguém que cresceu alargando o coração. Que nunca foi pequeno.

O riso já não criva o ar, mas o sorriso é terno e enche o peito.

Olho-o. As imagens brotam. Ontem e hoje, passado e presente. Uma vida. A nossa vida.

Sorrimos … Sem palavras… É já o nosso mundo…Sereno mas vivo. De mãos breves e teias moldadas nas linhas vividas do amor..

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03 junho, 2007

A Vida

Amadeo Modigliani
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A Vida….

Surge num jacto de amor,

Corre na luta da chegada,

Frutifica no útero morno

E nasce …,

A vida,

Que dobra a vontade

Nas amarras de escolhas

Sonhadas, Pensadas e Perdidas,

Por vezes amadas outras odiadas.

A vida….

É rosto aberto ao vento,

Sorriso desfeito de sonho,

Lágrima plangente de dor,

Olhar doce de quimera azul,

Corpo de desejo latente,

Balbuciado em sons cavos,

De risos ou dores amadas.

A vida….

É veia aberta em alma nua,

Pulsando em esguichos de luta,

Na procura do sonho

Outrora contado e sempre desejado

Simplesmente chamado

De Felicidade.

A vida…

É mulher, é sonho, é brisa,

Que embala a essência,

No berço dançante de um destino

Perdido, Pensado ou Sonhado.

01 junho, 2007

Women In Art

A mulher...tão só .. mas o mundo!