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Alguém que ama a vida e odeia as injustiças

15 março, 2010

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Se houvesse degraus na terra...

Se houvesse degraus na terra e tivesse anéis o céu,
eu subiria os degraus e aos anéis me prenderia.
No céu podia tecer uma nuvem toda negra.
E que nevasse, e chovesse, e houvesse luz nas montanhas,
e à porta do meu amor o ouro se acumulasse.

Beijei uma boca vermelha e a minha boca tingiu-se,
levei um lenço à boca e o lenço fez-se vermelho.
Fui lavá-lo na ribeira e a água tornou-se rubra,
e a fímbria do mar, e o meio do mar,
e vermelhas se volveram as asas da águia
que desceu para beber,
e metade do sol e a lua inteira se tornaram vermelhas.

Maldito seja quem atirou uma maçã para o outro mundo.
Uma maçã, uma mantilha de ouro e uma espada de prata.
Correram os rapazes à procura da espada,
e as raparigas correram à procura da mantilha,
e correram, correram as crianças à procura da maçã.

Herberto Helder

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5 comentários:

tiaselma.com disse...

Gosto demais deste poema, Mateso! A última estrofe o encerra de forma brilhante!

Beijocas.

Odele Souza disse...

Gostei muito de seu blog. Bons textos e fotos incríveis.

Deixo um abraço.

Mar Arável disse...

São as melhores maçãs

as vermelhas

nas mão do nosso Herberto Helder

Bj

pin gente disse...

muito bonito o poema
a cor
a imagem tecida pelas palavras


um beijo
luísa

Anônimo disse...

fantástico!

boa páscoa. um beijinho, alice.