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Alguém que ama a vida e odeia as injustiças

08 dezembro, 2009



Poema de Natal

Para isso fomos feitos:
Para lembrar e ser lembrados
Para chorar e fazer chorar
Para enterrar os nossos mortos —
Por isso temos braços longos para os adeuses
Mãos para colher o que foi dado
Dedos para cavar a terra.
Assim será nossa vida:
Uma tarde sempre a esquecer
Uma estrela a se apagar na treva
Um caminho entre dois túmulos —
Por isso precisamos velar
Falar baixo, pisar leve, ver
A noite dormir em silêncio.
Não há muito o que dizer:
Uma canção sobre um berço
Um verso, talvez de amor
Uma prece por quem se vai —
Mas que essa hora não esqueça
E por ela os nossos corações
Se deixem, graves e simples.
Pois para isso fomos feitos:
Para a esperança no milagre
Para a participação da poesia
Para ver a face da morte —
De repente nunca mais esperaremos...
Hoje a noite é jovem; da morte, apenas
Nascemos, imensamente.


Vinicius de Moraes



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5 comentários:

Anônimo disse...

Mateso Azul, um dos meus poemas preferidos do mestre Vinicius!
Como gosto de passar por aqui!

Beijocas e aguarde telefonema!

Teresa Durães disse...

A esperança. A sua concretização. Por vezes, o sentimento de insegurança no que segue

Mar Arável disse...

Belo

Não há morte nem princípio

Bj

Anônimo disse...

as palavras de vinicius são sempre jovens, não importa os anos que passem e as vezes que as lemos... um beijinho.

~pi disse...

explícita e ternamente,

incontornáveis e luz,

[ re( nascer,,,




~